Os peronistas argentinos limpavam suas feridas nesta segunda-feira (15), após uma derrota eleitoral no Congresso em que a oposição conservadora ganhou vantagem em importantes campos de batalhas em todo o país e eliminou a maioria da coalizão governista no Senado.
A coalizão de oposição Juntos, duramente derrotada nas eleições presidenciais de 2019, bateu a coalizão governista Frente de Todos por quase 20 pontos em todo o país no Senado, onde um terço das cadeiras estava em disputa.
Na Câmara, venceu por uma margem um pouco menor, mas ainda importante, de cerca de oito pontos percentuais, vencendo uma batalha acirrada na importante província de Buenos Aires, a região mais populosa do país e reduto peronista.
“As pessoas se fizeram ouvir”, disse Beatriz Arguello, uma dona de casa na capital. “Agora esperamos alguma mudança.”
O presidente argentino de centro-esquerda, Alberto Fernández, disse após a votação que ouvirá o povo e prometeu uma nova fase para o país. Ele pediu que a oposição chegue a um consenso com o governo.
Isso será fundamental depois que os peronistas perderem a maioria no Senado, que mantinham desde 1983, o que significa que Fernández e sua vice-presidente mais radical, Cristina Fernández de Kirchner, precisarão buscar o outro lado.
Os jornais locais reagiram à derrota com manchetes como “dura derrota eleitoral” e “diagnósticos devastadores”. O Página 12, mais alinhado ao partido, buscou pontos positivos: “Derrota, mas a luta continua”.
Os mercados tinham reação mista ao resultado, com os preços dos títulos soberanos subindo ligeiramente, a bolsa caindo pouco mais de 2%, em um ajuste de posições após uma alta inicial, e o peso oficial recuando apenas 0,08%. Os analistas geralmente veem o resultado como positivo na medida em que pode forçar o governo a trabalhar mais de perto com a oposição, favorecida pelos investidores.