Se você já assistiu algum filme ou seriado sobre investigação criminal deve ter percebido que o sangue é um dos vestígios mais presentes em locais de crime violentos e que a análise deste elemento pode fornecer informações valiosas para a elucidação do caso.
Mas para que o perito criminal seja capaz de fazer a correta interpretação do ocorrido é necessário que ele saiba analisar os perfis de manchas de sangue e ter outros conhecimentos inerentes à Hematologia Forense, que é um ramo das Ciências Forenses que estuda o sangue desde a sua identificação até os mecanismos que produziram as manchas de sangue nos locais de crime.
Essa disciplina faz parte da matriz curricular do Curso de Formação de Perito Criminal, promovido pela Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp/CE), e é ministrada pela professora Leda Queiroz, que é perita criminal da Pefoce, especialista em análise de manchas de sangue, com certificação internacional, validado pelo comitê educacional da International Association of Bloodstain Pattern Analysts (IABPA) dos Estados Unidos.
CSI na Academia
Nesta quarta-feira (09) os alunos do grupo 1 participaram, de aula prática de uma cena de crime simulada com manchas de sangue. O cenário foi montado pelos peritos criminais Leda Queiroz e Fernando Viana, e contou com a simulação de três cenários de homicídio, cada um causado por diferente tipo de instrumento, sendo um por arma branca, outro por objeto contundente e outro com arma de fogo.
“Eu entreguei para cada equipe um ofício (fictício) expedido pelo delegado com quesitações para que eles respondessem sobre aquela cena de crime… E aí o objetivo da perícia é com a análise técnica, neste caso baseado nos vestígios de manchas de sangue… Cada um fez uma análise de mecanismo de manchas distintas e agora eles vão fazer essa resposta e explicar para a turma toda. Então é importante porque eles irão fixar o conhecimento e transmitir aquela análise para os colegas que ficaram com outros cenários”, explicou Leda Queiroz.
Fernando destacou que a aula prática, além de somar conhecimentos ao conteúdo teórico é uma oportunidade dos alunos conhecerem os instrumentos e materiais utilizados pela Perícia Forense do Estado. “Nós utilizamos materiais também de indicadores de gotejamento, o perito vai coletar e verificar se trata de sangue humano ou não, que às vezes pode trazer uma falsa impressão e ser constatado um líquido de um animal ou coisa parecida. Mostrar também como se utilizar uma luva, como se utilizar luzes forenses, como utilizar o luminol e tudo isso fortalecendo mais e mais os elementos que nós temos os equipamentos que nós temos pra fazer esse tipo de análise”, pontuou Fernando Viana.
Para a aluna Ana Paula da Costa Xavier a atividade foi importante para fortalecer o conteúdo teórico. “Eu tenho achado de essencial importância a gente tanto ver a teoria como ver a prática para poder assimilar um possível local de crime para gente conseguir desenvolver habilidades e conseguir desempenhar o papel que a gente está se propondo a treinar aqui, que é perito criminal. A gente ainda não sabe se vamos atuar em local de crime ou em laboratório, então eu acho assim, incrível essa experiência que estamos tendo aqui”, avaliou a futura perita criminal.
Esta é a primeira turma de aprovados no concurso de perito criminal da Pefoce a passarem por essa disciplina, que tem uma carga-horária de 18 horas/aula e prevê assuntos como a História da evolução de análise de manchas de sangue; Propriedades gerais do sangue; Hematologia Forense Identificadora; Hematologia Forense Reconstrutora; documentação de manchas de sangue para o laudo pericia, dentre outros.