Quando meus filhos eram ainda muito pequenos resolvi leva-los a uma partida de futebol naquele que um dia se chamou Vivaldão, de saudosa memória. Não me lembro bem qual era o jogo, mas o estádio estava lotado. Minha filha devia ter uns sete aninhos e ficou absolutamente deslumbrada. Olhava em todas as direções, menos para o jogo.
Em certo momento, inconformada com uma marcação errada e injusta do árbitro da partida, a torcida começou a hostiliza-lo e como num grande coro e aos gritos xingava a pobre mãe do mediador da partida. Quando olhei para o lado, minha filha estava em pé na cadeira, de braços levantados e mesmo sem entender nada de futebol e sem saber o que motivou o protesto coletivo, estava gritando junto com a torcida insatisfeita, ao som de filho da p…., filho da p…..
Assim somos muitos de nós. Assim estamos muitos de nós. Nunca nos interessamos por política, por projeto de governo, sobre ideologia partidária, mas quando o assunto é a pura e simples ofensa, pegamos uma corda danada e passamos a ser militantes. Não de direita ou de esquerda, mas da baixaria.
É triste, vergonhoso e preocupante. O que interessa não é o país que eu quero para o futuro e sim qual país que estou ajudando a construir para o futuro?