SÃO PAULO,. SP (FOLHAPRESS) – Representantes do governo e da oposição trocaram socos em uma briga generalizada no Parlamento da Geórgia. As agressões ocorreram durante discussões acaloradas sobre uma lei polêmica que regulamenta a atuação de “agentes estrangeiros”. Segundo críticos, a medida enfraquece a democracia no país.

Imagens divulgadas pela Casa mostram o momento em que o deputado Aleko Elisashvili, do Partido dos Cidadãos, da oposição, ataca o parlamentar da base governista Mamuka Mdinardze, do Sonho Georgiano, que discursava no púpito, com um soco na cabeça. Em seguida, outros políticos se levantam e se envolvem na briga.

Anri Okhanashvil, presidente do comitê de questões jurídicas do Parlamento, afirmou que o episódio, ocorrido na segunda-feira (15), foi desprezível. Ele disse ainda que todas as provocações da oposição serão respondidas de maneira rigorosa —por ora, nenhuma punição foi aplicada aos parlamentares que trocaram agressões.

A briga interrompeu o debate sobre o projeto de lei, defendido pela base governista, que prevê a diminuição da “influência estrangeira”. Segundo críticos, a medida espelha a legislação repressiva da Rússia usada para silenciar e intimidar dissidentes. Milhares de cidadãos foram às ruas nos últimos dias para protestar contra o texto, considerado um passo contrário no caminho pró-Ocidente e na adesão do país à União Europeia.

Em meio a protestos, o Parlamento georgiano aprovou nesta quarta-feira (17) a primeira leitura do projeto.

Mais de 80 dos 150 deputados optaram pelo prosseguimento das discussões na Casa, enquanto os parlamentares da oposição boicotaram a votação.

O projeto é considerado um teste para saber se a Geórgia, 33 anos após o colapso da União Soviética, pretende seguir um caminho de integração com o Ocidente ou se aproximar da Rússia em um momento de polarização e tensões entre as partes.

O texto determina que as organizações com mais de 20% de seu financiamento provenientes do exterior se registrem como “agentes de influência estrangeira”. Segundo analistas, o projeto pode limitar a capacidade da sociedade e das organizações de mídia de operar livremente, enfraquecendo a liberdade de expressão.

A UE pediu à Geórgia que “se abstenha de adotar uma legislação que possa comprometer o caminho de adesão do país ao bloco”. Os Estados Unidos e o Reino Unido também pediram a Tiblissi que não aprovasse o projeto de lei.

Em resposta, o premiê da Geórgia, Irakli Kobakhidze, em comentários citados pela agência de notícias Interpress, disse que os políticos ocidentais não apresentaram um único argumento válido contra o projeto de lei e que as declarações externas não levariam o governo a mudar de ideia.

A presidente Salome Zourabichvili, cujo papel é principalmente cerimonial, disse que vetaria a lei se ela fosse aprovada. Mas o Parlamento tem o poder de anular seu veto.