Tem um certo pedantismo na crítica (perdão, amigos e colegas) de dizer que “filmes de super-heróis” não são bons por essência. É errado na origem, afinal, não é o tema que faz uma obra ser grande ou não. A prova de que a tese está errada foi Pantera Negra (2019), que ganhou a sequência Pantera Negra: Wakanda para Sempre, nessa quinta-feira (10/11). Mesmo que abaixo do primeiro, o segundo capítulo dessa jornada é grandioso.
O principal acerto de Ryan Coogler está nos primeiros minutos: o filme não tenta usar um outro nome para viver T’Challa. O protetor e rei de Wakanda está morto, por isso, o primeiro ato é uma homenagem ao legado do que Chadwick Boseman deixou ao viver esse papel. Assim, o diretor e sobretudo Angela Basset (incrível como a rainha Ramonda) conseguem mergulhar a audiência no luto que é mostrado em tela.
É em meio a esse luto que vemos duas reações possíveis: a tentativa de superação e a fúria. Aqui representadas por Ramonda e por Shuri (Letitia Wright), respectivamente. E, em meio a esse conflito de visões, surge Namor, o mutante que comanda o reino subaquático de Talokan. A chegada do novo personagem tem um lado bom e outro…
Vamos começar com o positivo. Talokan e seu líder Namor são descendentes dos povos maias e astecas que viviam nas Américas na época da colonização. Portadores de Vibranium, o novo povo vira alvo de um neocolonialismo das potências sedentas pelo minério. Se não o conseguem em Wakanda, por que não buscar no fundo do mar?
O conflito então se estabelece na forma como Wakanda e Talokan vão lidar com essas ameaças e, aqui, vem o outro lado acima citado. Namor tem o potencial de ser um grande e ambíguo personagem, mas, toda sua construção se parece demais com Killmonger (Michael B. Jordan) – um tipo de vilão que nem é tão vilão assim porque tem ideias boas e execuções ruins.
Por isso, fica tudo um pouco repetitivo em relação ao primeiro filme. Temos um novo Pantera Negra, um novo nêmesis e ideias similares. Por isso, a conclusão de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre termina com um gosto de que aquilo já foi visto.
Mas, esse ponto não é capaz de mascarar a grandeza do que está em jogo no novo filme. As potencialidades femininas, a diversidade de etnias, a pertinente crítica ao neocolonialismo e os debates de qual é a respostas estão presentes em cada segundo do longa. Pantera Negra: Wakanda Para Sempre pode até não ser tão bom quanto o primeiro (é difícil perder o carisma de Chadwick Boseman), mas ainda é uma obra grandiosa e digna de ser reverenciada. Luto, dor e ancestralidade são as marcas impressas de “mais esse (imenso) filme de herói”.
(*) Com informações do Metrópoles