O que você precisa saber sobre esse tipo de câncer?
Câncer de mama é o câncer mais frequente nas mulheres no Brasil, e aproximadamente 60 mil novos casos são diagnosticados a cada ano no país. Apesar de ter origem na mesma parte do corpo, como explicar comportamentos tão distintos que o câncer de mama pode assumir?
Fatores de Risco
Há características e comportamentos que estão associados com o aumento da chance de desenvolver o câncer de mama, conhecidos como fatores de risco. O fato de ser mulher (câncer de mama ocorre também em homens com menor frequência) e o avançar da idade são fatores de risco que não podem ser alterados.
Embora o histórico familiar de câncer de mama e de outros tumores (como câncer de ovário) aumentem o risco de se ter a doença, a maioria das pacientes não tem familiares próximos com câncer de mama. A obesidade, o excesso de álcool e a terapia hormonal após a menopausa também aumentam o risco de câncer de mama, mas esses fatores podem ser modificados.
O diagnóstico
Quando detectado mais cedo na forma de tumores pequenos e até mesmo não percebidos (impalpáveis), há risco menor do câncer de mama retornar (prognóstico mais favorável). Novos métodos de detecção surgiram nos últimos tempos (tomossíntese, como exemplo), porém a mamografia é a estratégia de escolha para o diagnóstico precoce do câncer de mama.
Muitas vezes, o câncer é detectado através de uma alteração na mama (como um nódulo, retração, alteração na cor). Nos casos de suspeição, seja pela mamografia ou através do exame, é essencial comprovar ou não o diagnóstico através da retirada de um fragmento (biópsia).
Além do tamanho, as características do tumor são fundamentais. A célula do tumor de mama avaliada ao microscópio pode apresentar dois marcadores que são de importância primordial:
1-Receptor de hormônio (estrogênio e progesterona)
2-Receptor HER2
A presença ou ausência dessas características acima vai determinar o tipo de câncer de mama, seu comportamento e, dessa forma, o tratamento mais indicado. Assim, é fundamental que estes marcadores constem no laudo, da mesma forma como a identificação de uma pessoa somente acontece com o seu nome seguido pelo sobrenome.
O tratamento do câncer de mama avançou muito nos últimos anos devido a melhor compreensão da doença (ou várias doenças/tipos de câncer de mama). O mesmo processo que presenciamos atualmente em relação aos estudos clínicos relacionados com a pandemia de coronavírus ocorre com câncer (de mama): existem etapas que precisam ser seguidas para se determinar a eficácia e segurança dos novos tratamentos.
Quais os objetivos do tratamento? Na doença inicial, o intuito é eliminar completamente o câncer de mama. Por vezes, porém, a doença retorna em outros locais do organismo (metástase). Nesse cenário, o tratamento visa o controle da evolução da doença com atenção à qualidade de vida, assim como ocorre com outras doenças denominadas crônicas (como diabetes e doenças cardiovasculares). Um número crescente de pessoas vive com câncer de mama metastático no Brasil, atualmente cerca de 50 mil pessoas.
O que se leva em consideração na escolha do tratamento? Aspectos relacionados ao paciente (idade, outros problemas de saúde), ao tipo de tumor de mama (de acordo com os marcadores mencionados); assim como à extensão da doença (sucintamente, se localizada ou espalhada). Além disso, é importante ouvir e considerar as demandas e preferências da paciente.
As modalidades de tratamento vão desde tratamentos locais da mama (como cirurgia e radioterapia) até tratamentos considerados sistêmicos (como bloqueadores hormonais, quimioterapia e anticorpos). A sequência e a escolha idealmente devem ser discutidas pela paciente em conjunto com a equipe multiprofissional composta de especialistas em câncer de mama.
*Por Dr. José Bines – CRM: 519309-RJ – Oncologia AMB: 87384
Médico Oncologista