Por muito tempo, a arte dos povos originários brasileiros passou despercebida pelo mundo, mas isso nunca foi motivo para que esses povos desistissem de conquistar seu espaço na sociedade e no mercado. Atualmente, essa cultura exuberante está despertando o interesse de todos, ganhando relevância na divulgação e comercialização de sua arte. Nesta matéria, abordaremos a proporção que o artesanato indígena tem alcançado no Amazonas e as estratégias das autoridades para ampliar o alcance dessa cultura a outros âmbitos.
Hoje, essa arte única começou a ter o seu valor reconhecido no seu próprio país, contribuindo para o conhecimento e a economia. Somente neste mês de julho o artesanato indígena gerou receita de mais de R$1 milhão para artesãos durante a 18ª Mostra de Artesanato e Economia Solidária e a III Feira de Artesanato Indígena, realizada durante a temporada do Festival Folclórico de Parintins. O festival recebeu pessoas de todo o país, trazendo assim, uma grande visibilidade para a cultura do estado.
Em fevereiro, o artesanato indígena ganhou espaço no “Carnaboi 2023”, os adereços foram amplamente divulgados durante o evento. Outro grande marco importante foi quando a arte das mulheres indígenas da Amazônia se tornou um veículo para promover o comércio ético, em parceria com a Rede Origens Brasil®.
Diante de tudo isso, os artesãos criam novas expectativas para que arte alcance novos olhares e lugares, trazendo atenção e a valorização que ela merece. Segundo a artesã e artista plástica, Rosa dos Anjos, 52, ressalta que vem sentido todo o impacto no progresso da arte no Amazonas. “O crescimento veio logo após a covid, a gente sentiu, e com a guerra na Ucrânia e alto valor do dólar, do euro, as pessoas estão se voltando, principalmente pessoas de São Paulo. O crescimento do turismo e a valorização das visitas ao estado Amazonas, Isso está combinando com o fortalecimento e valorização do trabalho indígena, sendo comentado, sendo vendido de forma mais valorizada”, salienta a artista.
Rosa dos Anjos comenta ainda, que é necessário que todos trabalhem juntos, tanto o governo como os trabalhadores da cultura para o crescimento do Artesanato Indígena. “O meu objetivo principal com a comercialização do artesanato indígena é além do lucro, é a valorização da cultura e a sustentabilidade da economia criativa. Eu penso que nós de casa temos que dar primeiro o devido valor às coisas, porque nós não precisamos de ninguém lá fora defendendo as nossas causas,precisamos do apoio do nosso governo real para fortalecer cada dia mais e fazer disso o turismo sustentável. O governo tem que fomentar e promover, isso é o que eu espero e nós temos que trabalhar, os trabalhadores da cultura”, afirmou.
Segundo a Fundação Estadual do Índio (FEI), há um grande esforço para fortalecer a arte indigena e garantir reconhecimento que ela merece, contato com o Governo do Amazonas na promoção das feiras de artesanato indígena. “Para fortalecer as atividades culturais e econômicas dos povos originários do Amazonas, A FEI apoia, através da concessão de espaço, o Centro do Empreendedor Indígena Yandé Muraki, que na língua nativa significa “Trabalho de Todos Nós”. Que abrange uma diversidade de materiais artesanais produzidos pelos indígenas de todas as regiões e etnias do estado. A iniciativa tem como objetivo proporcionar aos artesãos um local para produção, exposição e comercialização dos seus produtos”, disse Abrahão Graham, assessor de comunicação da FEI.
A FEI pretende realizar mais feiras de artesanato em outros municípios como Tabatinga, Maués, Autazes, Presidente Figueiredo e possivelmente Manicoré. A fundação é responsável em ajudar na logística, na oferta da estrutura e espaço para os artesãos.
O artesanato indígena é mais que apenas produtos para comercialização com belas cores. A arte é uma comunicação que fortalece a identidade e cultura dos povos originários, transmitindo conhecimentos que foram passados por gerações. Cada peça carrega uma história, representado resistência e coragem de uma sociedade que quase foram dizimada e continuam enfrentando invasões. Por isso é necessário que as autoridades cumpram com o seu dever de disponibilizar a estrutura que possam valorizar essa arte.
Por: Lara Bernardes