Na Década dos anos 1980 esta música estourou nos arraiais evangélicos de todo o Brasil, principalmente entre os pentecostais, reformados e avivados. Quem nunca ouviu esta música na deliciosa voz da Shirley Carvalhaes? Ela conta a história do arrebatamento e a falta que a igreja barulhenta começou a fazer no mundo. Infelizmente, daquela época para cá muita coisa mudou e mudou para pior. O povo barulhento se calou em relação às injustiças, em relação aos pecados, em relação ao mundanismo que invadiu as nossas congregações. O barulho, naquela época, era um sinal da manifestação do Espírito Santo no meio do povo. Lembro-me na minha infância, em Itaboraí, no interior do Estado do Rio de Janeiro, naquela época, como a pequena cidade não tinha hospitais, não tinha médicos, nos socorríamos com os heroicos farmacêuticos e eram muito poucos. Por isso, as igrejas eram muito procuradas para oração por enfermos. Quantas vezes papai, que era pastor da Assembleia de Deus, teve que sair de madrugada, mesmo com chuva, de bicicleta, para socorrer alguém através da oração! As igrejas cresceram, se multiplicaram, surgiu um número infinito de novas denominações, mas não conseguimos ver a diferença que esta igreja faz na sociedade. Segundo o último censo do IBGE, só na capital amazonense já temos mais de 8.500 igrejas. Vamos concordar que é muita igreja. Em compensação, esta semana Manaus foi surpreendida por uma queima de fogos que durou pelo menos dez minutos. De norte a sul, leste a oeste, os fogos explodiram numa exuberante e majestosa festa pirotécnica. Infelizmente, o motivo para tamanha comemoração não era tão exuberante, tão majestoso. Era o crime organizado mostrando a sua organização, o seu poder, a sua força, a obediência dos seus servos, numa unidade de fazer inveja. Lembro-me de um livro do Caio Fábio, cujo título era “O sal fora do saleiro”. A igreja de hoje está vivendo a inversão deste valor, sendo o sal dentro do saleiro. A igreja deixou de cumprir o IDE ordenado por Jesus e se contenta com o VINDE. Uma igreja que continua sendo o “corpo de Cristo”, porém, um corpo esquartejado, dividido. É inadmissível que o crime faça mais barulho que a igreja barulhenta. A justificativa dada por muitos sobre o crescimento desordenado da igreja é que ela (a igreja) precisa se dividir para crescer. Isto, além de uma ignorância enorme da palavra de Deus e uma flagrante desobediência à vontade do próprio Jesus, que é o cabeça deste corpo místico, que é a igreja. Jesus faz uma declaração em forma de intercessão em João 17.21:
“Eu oro para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.
Segundo este versículo citado por Jesus, o mundo só vai crer que Deus enviou Jesus para salvar, redimir, justificar, quando a igreja viver em unidade. Enquanto não vivemos a unidade, a abertura de novas congregações, novas denominações é somente fruto da vaidade humana, o que caracteriza como obra da carne, descrito lá em Gálatas 19.
O pastor Martin Luther King Jr, um militante contra as injustiças da segregação racial nos Estados Unidos declarou: “o me que preocupa não é o barulho dos maus e sim o silêncio dos bons”.
Está mais do que na hora da igreja se unir. Não para eleger o irmão tal, o candidato tal, para fazer machas para Jesus. Precisamos nos unir para fazer um barulho de oração, para que Deus ouça as nossas preces, venha e sare a nossa terra.
Onde está aquele povo barulhento?
Posso ouvir um amém?