O envelhecimento geralmente vem com declínio cognitivo, mas os chamados “SuperAgers” ou superidosos estão nos mostrando o que é possível nos nossos anos dourados. “São como as Betty White do mundo”, disse Emily Rogalski. Ela é neurocientista cognitiva na Escola de Medicina Feinberg da Northwestern University e diretora associada do Centro Mesulam para Neurologia Cognitiva e Mal de Alzheimer.
Emily fez parte da equipe de pesquisa que 15 anos atrás cunhou o termo SuperAgers, que descreve pessoas com mais de 80 anos cuja memória é tão boa quanto a de indivíduos 20 ou 30 anos mais jovens, se não melhor.
O que os pesquisadores estão aprendendo com os superidosos e sobre a prevenção da demência pode nos permitir descobrir novos fatores de proteção no estilo de vida, na genética e na resiliência para mudanças comuns que vêm com o envelhecimento.
“É revigorante saber que existem boas trajetórias de envelhecimento”, disse Emily. “É possível viver muito e viver bem.”
Como pode ser uma boa trajetória de envelhecimento
Existem três trajetórias principais dos efeitos do envelhecimento sobre nossa cognição, disse Emily. Na trajetória patológica, a cognição se deteriora mais rápido do que o esperado para a idade, como no caso da demência.
A realidade é que o maior fator de risco para demência é o envelhecimento, disse Mitchell Clionsky, neuropsiquiatra que, com sua esposa, a médica Emily Clionsky, escreveu Dementia Prevention: Using Your Head to Save Your Brain (algo como “Prevenção da demência: usando a cabeça para salvar o cérebro”).
Um relatório de 2023 da Associação de Alzheimer estima que 1 em cada 3 americanos com mais de 85 anos tem mal de Alzheimer, a forma mais comum de demência. Mais esperançosamente, a pesquisa descobriu muitos dos diferentes fatores de risco que podem ser mitigados com mudanças no estilo de vida. Um relatório da Lancet de 2020 estima que cerca de 40% das demências podem ser evitáveis.
Na trajetória normal ou média mostram as pesquisas, a memória e as habilidades cognitivas podem começar a diminuir por volta dos 30 ou 40 anos. Quando a maioria das pessoas chega aos 80 anos, elas conseguem se lembrar de cerca de metade do que lembravam quando tinham 50 anos, em certos testes de memória, disse Emily Rogalski. Apesar de serem menos afiados, os idosos que seguem essa trajetória ainda funcionam bem – e prosperaram – na vida cotidiana.
Há, no entanto, muita variabilidade individual.
Essa variabilidade levou à descoberta da terceira trajetória: os SuperAgers, que mesmo depois dos 80 anos pareciam ser pelo menos tão mentalmente aguçados em termos de memória quanto as pessoas na faixa dos 50 e 60 anos.
Não se sabe qual porcentagem da população em geral se qualifica como SuperAger, mas eles parecem ser raros, disse Emily Rogalski. Mesmo quando os pesquisadores tentaram rastrear apenas os participantes que acreditavam ter boa memória, menos de 10% atenderam à definição.
Com o tempo, os pesquisadores acompanharam os inscritos, examinando sua saúde, fazendo imagens de seus cérebros, registrando suas histórias de vida e pedindo que doassem seus cérebros para serem estudados depois que morressem.
“A palavra que eu usaria para descrever esse grupo é resiliente”, disse Emily Rogalski. Muitos SuperAgers suportaram dificuldades, como pobreza extrema, perda de família em tenra idade ou sobrevivência em campos de concentração do Holocausto, disse ela.
Os SuperAgers tendem a ter relacionamentos sociais fortes e positivos, que requerem um grau de adaptabilidade quando há menos pessoas da mesma idade ao redor.
Um SuperAger mora com a filha e os netos, que não sabem muito sobre Frank Sinatra ou Franklin Delano Roosevelt, disse Emily Rogalski. Mas o SuperAger pergunta aos netos sobre seus interesses: Taylor Swift e Chance the Rapper.
“Ele ri disso e encontra alegria na tentativa de acompanhar as coisas nas quais seus netos estão interessados, em vez de ver tudo como um fardo ou uma realidade muito distante”, disse Emily Rogalski. “Acho que é uma perspectiva simplesmente adorável.”
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