A educação é a esperança e uma perspectiva de mudança de vida para muitas pessoas, especialmente aquelas que cresceram sem acesso ao ensino ou que precisaram parar os estudos em algum momento da vida. Ela também possibilita com que jovens sonhem com um futuro melhor para si e para o mundo em que vivem.
Maimuna Jawo é uma dessas pessoas. A jovem de 18 anos nasceu na Gâmbia, país do Oeste da África (faz fronteira com o Senegal), mora há cinco anos no Brasil e agora luta para levantar dinheiro para estudar em uma das 13 universidades em que foi aprovada nos Estados Unidos e Canadá .
Atualmente morando em Santa Tereza, bairro do Rio de Janeiro, Maimuna veio para o Brasil quando estava com 13 anos, em 2016, para encontrar a mãe, que não via desde quando era um bebê.
A mãe da jovem foi retirada da escola quando tinha a mesma idade de quando a filha chegou no Brasil. O motivo: matrimônio infantil. Depois de muitas lutas, ela deixou a filha com familiares no continente africano e veio em busca de refúgio e melhorias de qualidade de vida. Quando ela observou que Maimuna estava prestes a seguir o mesmo destino que o seu, a mãe lutou para trazer a filha, garantindo o estudo da adolescente.
Chegada ao Brasil
Para tornar a vinda possível, Maimuna conseguiu uma bolsa de estudos integral em uma escola americana bilíngue (Our Lady of Mercy – OLM), em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. A jovem lembra que a maior dificuldade foi com a língua, pois ela falava apenas línguas locais da Gâmbia e inglês. Além disso, a adolescente e a mãe moravam em Cabuçu, em Nova Iguaçu, cidade na região metropolitana do Rio de Janeiro. Para chegar até a escola, que começava todos os dias às 7h30, ela precisava acordar quatro horas da manhã.
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Apesar de ter se adaptado bem aos estudos, especialmente pelas aulas serem em inglês, ela recorda que teve outras dificuldades com a escola. “Foi meio diferente, talvez o ritmo que somos acostumados no meu país. Aqui é diferente. Foi como uma maratona para mim. Sair de Cabuçu e chegar lá, muita matéria para estudar, muita coisa para fazer. Foi complicado um pouco, mas com o tempo eu comecei a pegar o ritmo”, se lembra.
Preconceito
Mulher, negra e imigrante, Maimuna disse que desde a chegada ao Brasil, o ponto que foi realmente uma questão é o fato de ser muçulmana. A jovem usava o hijab para cobrir a cabeça – algo que hoje nem sempre o faz – e diz que até entende o estranhamento das pessoas com a prática, já que não é uma religião comum no Brasil, além da falta de informação sobre a importância do uso do véu e outras vestimentas para mulheres que praticam o islamismo.
Já na primeira semana no País, se lembra de ter ouvido ofensas no trem, que relacionavam as vestimentas dela e da mãe a ataques terroristas. “Minha mãe parou para responder, mas depois ela falou: ‘nem preciso perder o meu tempo’.”
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Motivação para ciência
“Desde novinha eu gosto de ciências. Foi a área que eu sempre gostei. A medida que eu fui crescendo, eu me interessei muito por biologia e pensei que talvez, como menina da África, eu cheguei aqui e tive perguntas do tipo: ‘eu vi que as pessoas estão morrendo de fome lá na África’. Eu fiquei pensando que tipo de pergunta era aquela. Então comecei a pesquisar porque esse tipo de questionamento e vi a questão da desnutrição. Não toda a África, mas vários países”, conta Maimuna.
A jovem vem de uma família de agricultores e lembra com carinho das pessoas e das comidas locais, especialmente frutas. Maimuna recorda que foi um choque descobrir a questão da desnutrição no continente africano, para além da realidade das guerras que existem na Gâmbia. Assim, sua principal motivação nos estudos é a possibilidade de volta e fazer a diferença.
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“Comecei a pesquisar qual curso que se eu estudar, vou poder ajudar nessa área. Eu vi que biotecnologia tem um setor agricultor que você aprende como aumentar a produtividade. E isso me motivou a escolher”, conta.
Mudança de planos
Contudo, Maimuna precisou recalcular a rota dos seus sonhos por não conseguir levantar o dinheiro necessário para estudar biotecnologia no Canadá, no começo deste ano. Ela está há algum tempo tentando juntar dinheiro para estudar em uma das 13 universidades em que foi aprovada.
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Por não conseguir levantar o valor original para estudar biotecnologia no Canadá, a jovem, que hoje ajuda a mãe em uma pequena marca própria de moda, definiu seu novo destino e curso: business nos Estados Unidos. A Portland Community College, no Oregon, já aprovou a africana, assim como emitiu ovisto para que Maimuna comece os estudos em março de 2022.
Até o começo do ano letivo, ela precisa levantar a quantia de R$ 166 mil. Até o momento, a jovem arrecadou somente 12% do valor. O montante é para cobrir os custos de acomodação, matrícula, livros e materiais, fora outras necessidades. “O meu sonho é ajudar as pessoas no futuro.”
O caso de Maimuna foi selecionado pelo iG Causas, parceria do iG com a plataforma de financiamento coletivo Kickante para apoiar iniciativas que combinem com o DNA do Portal, sejam elas nas áreas sociais, educacionais, tecnológicas ou empreendedoras. Para conhecer e ajudar outros projetos, visite a página do iG Causas na Kickante .