Quando o 5G começar a funcionar no Brasil, a inovação do potencial de negócios que ele pode trazer estará apenas começando. É preciso o engajamento de um ecossistema que inclua operadoras de celulares, fornecedores de infraestrutura, bem como a comunidade de negócios, para que se desenvolvam aplicações práticas do 5G nos mais diversos domínios, como nos sistemas de transportes inteligentes e no agronegócio. Não é uma missão exclusiva de um único ator e, sim, exige uma colaboração da indústria de telecom e das demais indústrias que possam se beneficiar da tecnologia.
É importante lembrar que a evolução dos sistemas é contínua e que, enquanto o 5G estiver funcionando no Brasil, possivelmente em 2022, acontecem dois processos em paralelo: i) a evolução do 5G junto ao 3GPP; ii) pesquisas relacionadas ao 6G. A primeira versão do 5G é baseada nas especificações do Release 15, ainda que já estejam disponíveis as especificações do Release 16, ao passo que os trabalhos do Release 17 estão sendo concluídos no 3GPP em 2022. As primeiras discussões sobre o Release 18 (chamado 5G avançado) já foram iniciadas, e a padronização deve iniciar no segundo semestre de 2002. Em todo caso, é ainda cedo para falar de algo mais concreto sobre a comercialização dessas evoluções.
Também prematuro é falar de 6G enquanto sistema global. Em tese, qualquer empresa pode demonstrar uma determinada inovação e colocar o rótulo de 6G, impressionando audiências. Porém, se alguém se propõe a gastar muito tempo divulgando algo sobre 6G no Brasil, fora do contexto de pesquisas, não haverá muito a mostrar sobre o 5G. O que se tem no momento são pesquisas iniciais realizadas em projetos de fomento público e ainda muito pouco diálogo entre as empresas ou consenso do que virá a ser o 6G.
O papel do Brasil nesse processo evolutivo do 5G se dá por meio da participação de pesquisadores brasileiros e centros de pesquisas no Brasil das empresas que fazem parte do 3GPP. Muitos destes pesquisadores escrevem documentos e contribuem para as especificações da evolução do 5G, aqui e internacionalmente. Com relação ao 6G, a contribuição deve acontecer a princípio a partir das parcerias entre as universidades e as empresas como a Ericsson, que em 2022 completará 50 anos de investimentos em pesquisa e desenvolvimento no país.
ÍCARO LEONARDO DA SILVA – Diretor de Patentes da Ericsson, atuando no desenvolvimento e negociações de licenciamento do portfólio de Patentes Essenciais do Padrão 5G. Ícaro representou a Ericsson durante o processo de padronização do 5G junto ao 3GPP, coordenando a escrita de parte das especificações. Ele é reconhecido como um dos inventores do 5G, tendo contribuído com as soluções de mobilidade e controle de conexão. Em 2019, Ícaro Leonardo da Silva passou a integrar o hall dos mais prestigiados inventores da Ericsson, tendo sido premiado como Inventor do Ano em 2019 por suas contribuições ao 5G. Ícaro Leonardo da Silva é inventor em mais centenas de patentes depositadas no mundo e continua atuando como inventor na evolução do 5G e no 6G, sendo um dos inventores mais prolíficos da Ericsson dos últimos anos. Brasileiro, natural de Fortaleza/CE, concluiu mestrado e bacharelado em Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Ceará (com parte da graduação na École Centrale de Lyon – França).