O projeto de urbanismo tático Rua Walls, pioneiro na cidade do Rio de Janeiro, terminou o trabalho de pintura da fachada da Biblioteca Parque Estadual (BPE), inspirado no centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, realizada na capital paulista entre os dias 11 e 18 de fevereiro daquele ano. O mural foi desenvolvido pelo coletivo MUDA.
O trabalho dá sequência à série de 22 novos painéis já entregues pelo Rua Walls e espalhados por 1,5 km na Avenida Rodrigues Alves, zona portuária da cidade, em dezembro de 2021. A edição de 2021/2022 do Rua Walls é patrocinada pela Enel Distribuição Rio, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SECEC-RJ) e pelo governo fluminense.
Mural
O mural da Biblioteca Parque Estadual tem cerca de 800 metros quadrados e é pintado na fachada do prédio, localizado na Avenida Presidente Vargas, região central do município do Rio. O arquiteto Rodrigo Kalache, do coletivo Muda, explicou que, “nessa intervenção a busca é pela integração entre o objeto arquitetônico da Biblioteca e os transeuntes – pessoas que passam a pé, de carro e de ônibus”.
Kalache lembrou que a Avenida Presidente Vargas é uma das mais movimentadas do Rio e a ideia é promover uma intervenção que fale deste deslocamento. “Por isso, criamos um painel cinético que se transforma à medida que o observador vai percorrendo pela arte”, informou. O coletivo MUDA foi criado em 2010 e é reconhecido por realizar experimentações gráficas com estética geométrica e abstrata em revestimentos clássicos, como o azulejo.
Um dos idealizadores do Rua Walls, André Bretas, disse que o “projeto envolve arte, cultura e urbanismo tático, pensando a cidade no pós-pandemia”. Caique Torrezão, outro realizador do projeto, acrescentou que a intenção é colorir cada vez mais a cidade, “muito conhecida por suas belezas naturais e que, agora, ganha cada vez mais espaço na cena da arte mais democrática do mundo, a arte urbana”
Agora, o coletivo vai se encarregar da pintura das laterais da biblioteca, além de detalhes no interior do equipamento, cujo término é previsto daqui a dez dias.
Casa da cultura
A secretária de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, Danielle Barros, destacou que “a Biblioteca Parque Estadual é a casa da cultura do estado e já funciona plenamente com várias ações culturais em seus espaços. Ter a sua fachada revitalizada, marcando os 100 anos do modernismo, reforça sua vocação cultural de ser um equipamento para todas as artes e acessível para todos”, disse.
A Biblioteca Parque Estadual foi criada em 15 de março de 1873, durante o Brasil Imperial e, na época era chamada Biblioteca Pública Municipal. Ao longo dos anos, ela foi transferida para diferentes endereços e também mudou algumas vezes de nome, até receber a denominação atual, em 2014. Em 1943, ganhou o espaço onde se encontra atualmente, na Avenida Presidente Vargas.
Em janeiro de 1984, parte de seu antigo prédio foi destruída por um incêndio. Três anos depois, em março de 1987, um novo edifício foi inaugurado, com projeto assinado pelo arquiteto Glauco Campello, sob a orientação do antropólogo e então secretário estadual de Cultura e vice-governador, Darcy Ribeiro. Anos mais tarde, entre 2008 e 2012, Campello voltou a participar da obra para modernizar a BPE com traços que a tornaram mais moderna e que são conhecidos até os dias atuais. As informações são da assessoria do projeto Rua Walls.
Edição: Maria Claudia