Foto: divulgação/SSP

Em meio ao decreto governamental com medidas restritivas que prevê a suspensão das atividades não essenciais em Manaus, comerciantes relatam que buscam alternativas para trabalhar e conseguir dinheiro. Eles dizem que não foram contemplados em programas de auxílio e precisam se arriscar ao abrir lojas para buscar meios para sobreviver.

O comércio não essencial está proibido até 7 de fevereiro. A circulação de pessoas em todo estado está restrita durante as 24 horas do dia.

De acordo com o comerciante Ronildo Ferreira, de 58 anos, dono de uma loja de sapatos e artigos esportivos na Zona Leste de Manaus, mesmo com o comércio não essencial proibido de funcionar, as contas do mês continuam a ser cobradas. Segundo ele, os comerciantes enfrentam dificuldades para manterem as contas e o sustento da família sem ter como trabalhar.

“Eles deviam dar uma solução para gente. Você vai ficar em casa por 30 dias, mas seu aluguel vai ficar congelado ou ao menos um desconto de 50%. Ninguém abre mão de nada. As contas vão chegando e não temos como sobreviver dessa maneira. É difícil. Nós entendemos que a pandemia está se alastrando em Manaus, mas nós temos que trabalhar também”, comentou.

Ronildo contou que abre a loja durante a manhã e tenta trabalhar com as portas entreabertas, para conseguir dinheiro. Outros comerciantes da Zona Leste de Manaus também buscam fazer suas vendas desta maneira e fecham os comércios quando a polícia passa pelo local.

“A gente se vira como pode. Passei alguns dias em casa e não tinha um prato de comida para dar para as crianças. Eu tive que me aventurar a pegar uma multa de R$ 50 mil para tentar vender alguma coisa e ter dinheiro ao menos para pagar o aluguel”, disse Ronildo.

Ainda segundo o comerciante, a necessidade de trabalhar para manter o sustento é porque esses trabalhadores não foram sido contemplados com auxílios do governo do Amazonas e da Prefeitura de Manaus.

“A gente está precisando de uma ajuda para sobreviver. Se não tem ajuda, que permita abrir as lojas de bairros que não aglomeram pessoas. Tem que ter um equilíbrio nisso aí. Hoje, ou a gente morre de Covid, ou a gente morre de fome. Ninguém leva um prato de comida pra casa, ninguém paga o nosso aluguel ou nossas contas. Nós nos arriscamos, porque senão a gente morre”, criticou Ronildo.

Um comerciante de 48 anos, que preferiu não se identificar, trabalha com a venda de artigos eletrônicos na Zona Leste de Manaus. Ele também contou que abre a loja que é dono para tentar conseguir dinheiro, mesmo com o decreto.

Para o comerciante, os trabalhadores acabam sendo tratados como criminosos, quando a fiscalização passa pelo bairro em que trabalha.

“A gente é tratado pior que ladrão. Colocamos nossas coisas pra vender e a polícia chega falando ‘fecha, vagabundo’. A gente é obrigado a fechar e não ter nenhum retorno. Somos trabalhadores e precisamos disso. Tenho três filhos que dependem de mim e tenho que estar trabalhando”, comentou.

Ele também questionou que nenhum dos comerciantes que foram contemplados por auxílios. “Eles só veem os lados deles. Agora, aqueles trabalhadores necessitados que estão precisando, eles não olham. Nós não temos nenhum benefício. O que eles fazem por nós, trabalhadores?! Pagar nossas contas eles não vão”, disse.

Cartão-Auxílio

Em todo o estado, 100 mil famílias foram selecionadas para receber R$ 600, divididos em três parcelas de R$ 200, por meio do “Cartão Auxílio”, do Governo do Amazonas. O dinheiro deverá ser usado em estabelecimentos cadastrados, para compra de alimentos e itens de higiene ou limpeza.

O cartão é entregue na casa das famílias selecionadas por equipes do Fundo de Promoção Social e Erradicação da Pobreza (FPS) e da Secretaria de Assistência Social (Seas), tanto na capital quanto no interior.

A medida busca preservar a saúde da população, evitando a exposição dos beneficiários a um risco maior de transmissão da Covid-19.

Auxílio Manauara

Já a Prefeitura de Manaus anunciou o programa “Auxílio Manauara”, no valor de R$ 200 que será pago a 40 mil famílias residentes em Manaus, que se encontram em situação de pobreza e extrema pobreza, além de trabalhadores informais e beneficiários do Bolsa Família. O projeto foi encaminhado pela prefeitura para a Câmara Municipal de Manaus (CMM), que aprovou o Projeto de Lei que cria o programa, no dia 26 de fevereiro.

A titular da Secretaria da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), Jane Mara, disse que terão direito ao benefício, pessoas inscritas no Cadastro Único e trabalhadores informais que se encontram em situação de pobreza e extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 178.

Quanto a inscrição, Jane explicou que será feita por meio de um aplicativo, que está em desenvolvimento pela pela prefeitura e que será disponibilizado assim que for concluído para o início das solicitações.

Fonte: G1