O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu, durante visita a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a decisão da Força Aérea Brasileira (FAB) de reduzir a compra de cargueiros militares KC-390, que é produzido pela fabricante brasileira de aeronaves Embraer.
“Conversei com o comandante da FAB, brigadeiro [Carlos de Almeida] Baptista. Não tem como comprar tudo aquilo. Temos que ter uma frota que possamos manter operacional”, declarou o presidente neste sábado, segundo o jornal Folha de S. Paulo .
A FAB comunicou, por meio de uma nota publicada nesta sexta-feira, a decisão de reduzir a encomenda de unidades do cargueiro militar KC-390. O contrato inicial, assinado em 2014, previa a entrega de 28 aeronaves no valor de R$ 7,2 bilhões à época.
A FAB disse considerar “as necessidades” do órgão “frente aos recursos anualmente disponibilizados” para justificar a decisão, unilateral, de reduzir a encomenda para 15 unidades. O cargueiro é voltado para missões como transporte e lançamento de cargas e tropas, reabastecimento em voo, busca e salvamento e combate a incêndios florestais.
“Você não pode comprar um avião como compra um carro, que muitas vezes bota na garagem. O avião tem que se movimentar, e isso custa caro. O orçamento da Força Aérea está apertado”, disse Bolsonaro.
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A FAB informou que começou em abril deste ano as negociações com a Embraer para alterar o contrato, mas que as discussões terminaram sem que houvesse um acordo.
“Considerando a decisão da Embraer e a impossibilidade de permanecer com a execução do contrato nas quantidades atuais, a Força Aérea Brasileira, no intuito de resguardar o interesse público, iniciará, dentro dos limites previstos na lei, os procedimentos para a redução unilateral dos contratos de produção das aeronaves KC-390, fato inédito e indesejável nessa importante e cinquentenária relação”, explicou a FAB.
Também por meio de nota, a Embraer sinalizou que irá adotar as medidas cabíveis contra a FAB e referiu-se à decisão como “unilateral”.
“Tão logo seja formalmente notificada pela União, a Companhia buscará as medidas legais relativas ao reequilíbrio econômico e financeiro dos Contratos, bem como avaliará os efeitos da redução dos Contratos em seus negócios e resultados”, disse a empresa.
Segundo Bolsonaro, ao contrário do que disse a Embraer, não houve quebra de contrato, mas uma tentativa de acordo. O presidente também rechaçou um possível prejuízo à imagem da empresa em razão da medida adotada pela Aeronáutica.
“Não estamos rompendo contrato, estamos buscando uma negociação com bastante antecedência. Não tem problema de imagem, a Embraer é uma potência, uma coisa fantástica. A Embraer está em vários países do mundo, então mercado não falta”, afirmou.