Nesta quinta-feira (11.01), as diretorias do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), do Memorial Chico Mendes (MCM) e do Comitê Chico Mendes apresentaram suas demandas e recomendações em prol dos povos da floresta à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, em Brasília.
O encontro marcou a primeira audiência concedida a organizações da sociedade civil, no Governo Lula, e também protagonizou a entrega da “Carta da Juventude da Floresta”, documento elaborado durante o Encontro Nacional da Juventude Extrativista, realizado em novembro do ano passado com mais 140 participantes, no Amapá.
Os membros do CNS que participaram do encontro com a ministra foram: Júlio Barbosa, presidente da organização, Dione Torquato, secretário-geral, Letícia Moraes, secretária da juventude e Nice Aires, secretária da Mulher.
Um dos assuntos abordados foi o desmonte que acontece nas Reservas Extrativistas (RESEXs) e Unidades de Conservação (UCs) da Amazônia, como as RESEXs Chico Mendes e Verde Para Sempre, localizadas no Acre e Pará, respectivamente.
Em destaque, a Verde Para Sempre que possui uma área de mais de um milhão de hectares (ha) e é de grande importância para o bioma amazônico, mas sofre com constantes ameaças de grileiros de terra, grupos de facções e milicianos, desmatamento, entre outros problemas.
Na avaliação do presidente do CNS, Júlio Barbosa, a reunião com Marina Silva foi uma grande oportunidade para alinhar alianças que tragam dignidade para os povos da floresta.
“Se o governo olhar para essas duas reservas e tentar resolver definitivamente os problemas delas, nós temos certeza que isso vai trazer um efeito muito positivo para as outras reservas da Amazônia”, explica.
Outro ponto exposto foi a evasão de lideranças para as grandes cidades, dificultando o diálogo de unificação contra as atividades predatórias na região.
As diretorias dos movimentos sociais também entregaram a “Carta da Juventude da Floresta”, que reúne os anseios e as demandas da juventude da floresta, incluindo extrativistas, ribeirinhos, indígenas, sem-terra, quilombolas e comunidades tradicionais.
Apesar dos problemas, a experiência e o compromisso de Marina Silva com pautas sociais aumenta as esperanças de uma renovação.
“Ela foi muito receptiva com o nosso movimento e nós acreditamos que vamos começar a construir uma ótima aliança entre o movimento dos seringueiros e dos extrativistas da Amazônia com o Ministério do Meio Ambiente, por uma Amazônia mais justa”, declara Júlio.
Além de ser ambientalista e defensora das comunidades tradicionais, Marina Silva é filha de seringueiro e cresceu no seringal Bagaço, próximo da capital acreana Rio Branco. Junto do ativista Chico Mendes, ela participou das lutas sindicais, ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT), e, sob incentivo do companheiro de luta, ingressou na vida política em 1988.