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O cineasta William Friedkin, de “O Exorcista” e “Operação França”, morreu nesta segunda-feira (7), aos 87 anos, em Los Angeles. A informação foi confirmada por sua mulher, a produtora Sherry Lansing.

Friedkin foi um dos nomes mais influentes do cinema americano nos anos 1970, parte de uma geração de cineastas que desafiou as convenções da indústria com obras autorais e com frequência provocativas. Ele chegou a formar, ao lado de Francis Ford Coppola e Peter Bogdanovich, a associação The Directors Company, que dava total liberdade criativa para diretores, embora a iniciativa logo tenha se dissolvido.

Tal revolução foi impulsionada por “O Exorcista”, sua magnum opus, de 1973. O longa venceu a resistência das grandes premiações aos filmes de gênero e conquistou dez indicações ao Oscar, incluindo melhor filme e direção. Venceu duas estatuetas, de roteiro adaptado e som. Em 2023, ao completar 50 anos, continua influenciando tramas sobre possessão demoníaca em Hollywood.

Friedkin tem no currículo uma única vitória no Oscar, de melhor direção, por “Operação França”. Lançado dois anos antes, em 1971, o longa policial estrelado por Gene Hackman e Roy Scheider acompanhava uma dupla que investiga um grupo de traficantes de drogas. “Operação França” venceu cinco estatuetas do Oscar, incluindo melhor filme.

Sua terceira grande obra, lançada em 1970, foi “Os Rapazes da Banda”, que desafiou o status quo como um dos primeiros filmes americanos a falar abertamente sobre homossexualidade. Baseado na peça pioneira por seu retrato franco e naturalizado da vida gay em Nova York, antes mesmo de Stonewall, o filme ganhou uma refilmagem há três anos, pela Netflix.

Friedkin, que era heterossexual, não se envolveu na nova versão, desta vez capitaneada por diretor, produtores e atores gays, mas se encontrou com a equipe para narrar os desafios de levar a obra às telas numa época muito mais conservadora e hostil ao universo LGBTQIA+.

Ele voltaria à temática queer uma década depois, em “Parceiros da Noite”, embora este tenha envelhecido mal, e é hoje criticado por muitos pelo retrato estereotipado da homossexualidade, com sua trama sobre um policial, vivido por Al Pacino, que entra no submundo gay de Nova York em busca de um serial killer.

Apesar de ter colecionado três obras-primas nos anos 1970, Friedkin não conseguiu manter a relevância na máquina de Hollywood, e seguiu fazendo filmes menores e menos aplaudidos pela crítica depois do policial “Viver e Morrer em Los Angeles”, de 1985.

No ano seguinte, fez “Rampage”, um longa que acompanha um serial killer que não acredita ter feito mal. Mas, como o próprio diretor apontou, este era um filme em defesa da pena de morte. Sem grandes estrelas no elenco, nunca foi corretamente lançado em DVD ou chegou aos streamings.

Seguiria nos anos 1990 e 2000 alternando entre o gênero fantástico e sobrenatural, com “A Árvore da Maldição” e “Possuídos”, e suspenses e policiais, como o remake para TV de “12 Homens e uma Sentença”, “Jade” e “Caçado” -este último de 2003, com Tomie Lee Jones e Benicio Del Toro, considerado seu último trabalho mais sólido.

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