SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Milhares de pessoas se manifestaram na cidade de Valência, na Espanha, neste sábado (9), em protesto contra a gestão das autoridades regionais sobre as inundações que deixaram ao menos 220 mortos, naquele que se tornou foi um dos piores desastres naturais na Europa em décadas.
Os manifestantes exigiram a renúncia do líder do governo regional, Carlos Mazon, e gritaram “assassinos!” durante ato no centro da cidade, cuja região foi a mais afetada pelas chubas. Segundo a prefeitura, 130 mil pessoas participaram do protesto.
“Nossas mãos estão manchadas de lama, as suas, de sangue”, dizia uma faixa. Alguns manifestantes jogaram botas sujas em frente ao prédio do governo, enquanto outros o cobriram de lama.
Os manifestantes também não pouparam críticas ao governo federal, liderado pelo primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez.
Também houve manifestações em outras cidades, como Alicante, Elche e Madri. As principais acusações contra os políticos são de não terem alertado de forma clara os cidadãos sobre o nível das chuvas que se aproximavam, e de terem reagido tardiamente para ajudar a população dos quase 80 municípios atingido.
Em Valência, moradores das áreas afetadas acusam Mazon de ter emitido um alerta tarde demais, às 20h do dia 29 de outubro, depois de a água estar inundando muitas cidades e vilarejos próximos.
O líder valenciano Carlos Mazon –do conservador Partido Popular, opositor ao governo– disse que teria emitido um alarme mais cedo se as autoridades tivessem sido informadas da gravidade da situação por um órgão oficial de monitoramento.
Embora a manifestação tenha sido em grande parte pacífica, a polícia reagiu a manifestantes que atiravam pedras em um momento. Objetos lançados no prédio da prefeitura de Valência causaram danos leves.
Na Espanha, a gestão de desastres é de responsabilidade das administrações regionais, mas o governo central pode fornecer recursos e assumir a gestão em casos extremos.
Após alertas de tempestade do serviço meteorológico nacional começarem a ser emitidos a partir de 25 de outubro, alguns municípios e órgãos locais levantaram o alarme antes do governo regional.
A Universidade de Valência, por exemplo, disse a seus funcionários em 28 de outubro para não irem trabalhar. Várias prefeituras suspenderam atividades, fecharam instalações públicas e pediram às pessoas para que elas ficassem em casa.
Quase 80 pessoas ainda estão desaparecidas no que é a inundação mais mortal em um único país europeu desde as inundações em Portugal de 1967, que mataram cerca de 500 pessoas.