Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, participou do UOL Entrevista nesta segunda-feira (5) e analisou a situação da economia brasileira atualmente. Ao contrário do que diz o presidente Jair Bolsonaro (PL), Meirelles não crê que a economia do país está “bombando”. O ex-ministro entende que o crescimento recente do PIB (Produto Interno Bruto) é insustentável.
“A expansão de despesas, em um primeiro momento, gera expansão. Só que gera inflação. A previsão de crescimento para esse ano é baixa ainda. É melhor do que estava antes, portanto melhorou. Não é exatamente um país bombando, mas está ok. Agora a previsão do ano que vem é menos de meio por cento. É 0,47%. Porque vai ter que pagar a conta da expansão fiscal desse ano”, explicou Meirelles. Questionado se Bolsonaro está criando uma “herança maldita”, Meirelles preferiu não usar essa expressão. “Eu chamo de crescimento insustentável. No ano que vem o crescimento vai cair e portanto vai aumentar o desemprego. O crescimento desse ano é resultado de incentivo fiscal e distribuição de resultado de incentivo fiscal e distribuição de recursos que não será sustentável”
Meirelles já trabalhou com políticos de diferentes partidos. Foi presidente do Banco Central na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato a presidente pelo MDB e recentemente participou do governo de João Doria (PSDB) em São Paulo. Ele declarou que pretende votar em Lula (PT) na eleição presidencial. “Minha inclinação é votar no Lula, apesar de ele estar fazendo declarações equivocadas sobre teto de gastos e reforma trabalhista. Mas espero que a realidade prevaleça, como prevaleceu no primeiro mandato dele principalmente”, disse Meirelles. O ex-ministro não quis dizer se aceitaria ocupar um cargo no possível mandato de Lula. “Eu não decido e não fico pensando sobre hipóteses.
Meirelles defende sempre que, para aumentar o gasto com projetos sociais, é preciso fazer uma reforma administrativa no país. “Tem que fazer reforma administrativa para cortar despesas obrigatórias, muitas delas desnecessárias, para gerar espaço para projetos sociais. A questão é como fazer isso”. Meirelles entende que é possível manter o pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil, mas apenas se houver um “corte de despesas desnecessárias”, pois a “máquina pública está muito inchada”.
Quando foi ministro no governo de Michel Temer (MDB), Meirelles criou o teto de gastos, que tem recebido algumas críticas atualmente. Mas ele defende que essa lei seja respeitada “mais do que nunca”. “Com a flexibilização do teto você abre porta para o descontrole. Era isso que acontecia no Brasil quando assumi a Fazenda. O teto é algo a ser respeitado, mas tem que ser decidido pelo governo e pela constituição”, concluiu Meirelles.
Com informações do UOL*