SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Masp iniciou, nesta segunda-feira (22), o restauro dos pilares e das vigas do histórico edifício Lina Bo Bardi, que também incluirá a laje do vão livre do museu. A área foi fechada para garantir a segurança dos trabalhadores e dos pedestres, mas o museu seguirá funcionando.

As estruturas estavam desgastadas pela ação do tempo, segundo a administração do museu. Além das grades que impedem a entrada no vão livre, quem passou pela avenida Paulista nesta segunda notou a falta do vermelho do edifício, que passa por sua primeira reforma desde a inauguração, em 1968.

Em nota, o Masp afirma que as pilastras serão repintadas de vermelho. Mas as enormes pernas de concreto nu que sustentam o maior cartão-postal de São Paulo remetem ao projeto original de sua criadora, Lina Bo Bardi, e aguçam a memória daqueles que transitaram pela cidade antes de 1991.

Até aquele ano, o Masp era inteiro cinza, como Lina planejara, com o desejo de se afastar daquela que considerava uma arquitetura elitista, de estruturas enfeitadas e romantizadas. Com a simplificação, ela esperava chegar a uma criação mais próxima do popular, com estruturas funcionais e soluções diretas.

A tinta vermelha foi aplicada para impermeabilizar o concreto e resolver um problema de infiltração constante do prédio, que provocava manchas na estrutura do museu. Mas então por que o rubro?

Há cerca de cinco anos, a arquiteta e gerente de projetos e infraestrutura do museu, Miriam Elwing, afirmou que se tratava de uma “licença poética”, visto que as pilastras se apresentavam assim em um dos desenhos de Lina, que aprovou a cor um ano antes de sua morte.

Apesar de o concreto de agora estar mais próximo do projeto original de Lina, a Folha apurou que a direção do museu acredita que o vermelho é incontornável no imaginário do público e não pode mudar.

A reforma está relacionada a expansão do Masp, que deve inaugurar um novo edifício, chamado de Pietro Maria Bardi, no segundo semestre.

O prédio é o antigo edifício Dumont-Adams, construído na década de 1950 e localizado à direita do museu. Um túnel subterrâneo fará a ligação entre as duas estruturas e a área expositiva deve aumentar em 66%, com mais espaço para exibir obras do acervo -que já são mais de 11 mil- e abrigar exposições temporárias.