Foto: Leandro Santana

Durante o mês de março, o mundo se une à campanha “Março Lilás”, uma iniciativa global voltada à conscientização e alerta sobre o câncer do colo de útero. Este câncer, classificado como a quarta maior causa de morte entre mulheres no Brasil pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o foco desta campanha, que busca destacar a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento dessa doença que afeta milhares de mulheres anualmente.

Ao longo do mês, instituições de saúde pública e privada promovem campanhas para sensibilizar a população feminina sobre os riscos do câncer do colo de útero, seus sintomas e medidas preventivas. Segundo dados do INCA, mais de 16 mil novos casos foram registrados somente em 2018, destacando a urgência da conscientização.

O Dr. Washington Júnior, especialista em emergências clínicas, dor e cuidados paliativos, compartilhou detalhes cruciais sobre essa doença, enfatizando suas causas e métodos de diagnóstico. O câncer do colo de útero, causado principalmente pela infecção persistente pelo HPV, apresenta sintomas como sangramento vaginal anormal, dor durante a relação sexual e corrimento vaginal. O diagnóstico é realizado por meio do exame de Papanicolau, associado à clínica do paciente, e confirmado por biópsia.

“O câncer de colo de útero é também conhecido como câncer cervical. É uma neoplasia maligna que se desenvolve nas células do colo do útero, que é a parte inferior do útero. A principal causa desse tipo de câncer são infecções persistentes e recorrentes pelo HPV, que é o papiloma vírus humano. E a paciente pode apresentar alguns sintomas que podem incluir sangramento vaginal anormal, dor durante a relação sexual e corrimento vaginal, às vezes com odor desagradável. O diagnóstico é geralmente feito por meio do exame do papanicolau, associado à clínica do paciente, que vai detectar alterações nas células cervicais, nas células do colo do útero. E os exames sendo confirmado, o diagnóstico, através da realização da biópsia,” explicou.

Alguns fatores de risco incluem infecção persistente pelo HPV, atividade sexual precoce, tabagismo, uso prolongado de contraceptivos orais e histórico familiar. O sistema imunológico da paciente também desempenha um papel crucial na determinação do risco associado à infecção persistente pelo HPV.

“Quanto aos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de colo de útero, a gente pode citar o principal, que são infecções recorrentes e persistentes pelo HPV, especialmente os subtipos 16 e 18, que são os mais envolvidos na gênese, no desenvolvimento do câncer de colo de útero. No entanto, a gente pode citar outros fatores também, como por exemplo, a atividade sexual, o início de atividade sexual precoce, relacionada também a múltiplos parceiros sexuais que aumentam o risco de exposição ao HPV. Também tem o tabagismo, o hábito de fumar está associado com o aumento do risco do desenvolvimento do câncer do colo de útero. O uso prolongado de alguns contraceptivos orais, o histórico familiar também é importante. E obviamente que o sistema imunológico da paciente que é infectada com essas infecções recorrentes e persistentes, que vai determinar, desta questão específica do próprio agente etiológico, vamos colocar dessa maneira, é também o sistema imunológico da própria paciente,” destacou.

A vacinação contra o HPV e exames regulares de Papanicolau são essenciais para prevenir e detectar precocemente o câncer do colo de útero. O Dr. Washington destaca que a vacina é amplamente disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é gratuita para meninos e meninas entre 9 e 14 anos.

“A vacina contra o HPV é amplamente difundida pelo Sistema Único de Saúde, e gratuita. Ela é uma vacina tetravalente que tem a cobertura contra os principais sorotipos não-oncogênicos e oncogênicos, que são os 6, 11, 16 e 18, respectivamente. E ela é ofertada para meninos de 11 aos 14 anos de idade e para meninas de 9 aos 14 anos de idade. Mas obviamente que uma mulher que tem mais de 14 anos e um homem que tem mais de 14 anos, eles também são elegíveis à vacinação, caso ainda não estejam tendo realizado,” concluiu.

O Amazonas enfrenta um desafio notável, com o maior índice de câncer de colo uterino no país, atribuído à precariedade do acesso ao sistema público de saúde e à escassez de médicos especialistas no interior do estado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um aumento no rastreamento para 80% das mulheres poderia reduzir significativamente as ocorrências.

A campanha “Março Lilás” serve como um lembrete crucial da necessidade contínua de educação e sensibilização sobre a saúde da mulher, especialmente em relação ao câncer do colo de útero. A esperança é que, por meio dessa conscientização, seja possível reduzir a incidência da doença e melhorar os índices de sobrevivência entre as mulheres afetadas.