Firmado entre o Governo do Amazonas, através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), o convênio com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) da ordem de R$ 2,2 milhões.

Este recurso visa fomentar as cadeias produtivas da castanha-do-Brasil, guaraná nativo e pirarucu selvagem. Desse total, R$ 200 mil são de contrapartida do Governo do Estado.

Por meio do projeto “Fortalecimento de Cadeias Produtivas da Sociobiodiversidade com Enfoque na Inovação e Bioeconomia no Amazonas”, que também conhecido como Inova Sócio Bio, que irá beneficiar cerca de 7.500 agroextrativistas e seus empreendimentos comunitários, além de técnicos extensionistas, associações e cooperativas de produtores.

O projeto irá abranger territórios importantes nas  cadeia produtiva selecionada. O pirarucu manejado serão os municípios de Carauari, Jutaí, Lábrea, Tefé e seu entorno.

A cadeia da castanha-do-Brasil serão os municípios de Amaturá, Barcelos, Beruri, Lábrea e seu entorno. E por fim a cadeia produtiva do guaraná nativo são previstos impactos diretos nos municípios de Parintins, Maués e Barreirinha, e indiretos nos municípios do entorno.

O recurso de R$ 2,2 milhões será destinado para estudos de estruturação e inovação tecnológica, aquisição de equipamentos para as unidades de agregação de valor, e ainda oficinas e capacitações para empreendimentos locais para agricultores familiares e extrativistas de povos e comunidades tradicionais.

Os objetivos são a interiorização do desenvolvimento, o fomento aos arranjos produtivos e de comercialização das cadeias de suprimentos dos produtos da sociobiodiversidade, além da diversificação da matriz econômica do estado do Amazonas.

O titular da Sedecti, Jório Veiga, ressalta que a iniciativa vem em um momento muito emblemático para o Amazonas, em função da crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus que assolou a economia mundial.

“É uma excelente notícia que chega em boa hora para ajudar, sem dúvida alguma, na viabilidade da interiorização do desenvolvimento, fazendo com que o pequeno produtor da agricultura familiar possa contar com esse incentivo que irá ajudar nos negócios locais no interior do estado, trazendo acesso a novas tecnologias e oportunizando novos modelos econômicos”, avalia Veiga.

Tatiana Schor, a secretária executiva da Secti, assinala que a parceria com o Mapa, garante a inovação para as cadeias de valor da sociobiodiversidade.

“Reconhecemos que um dos entraves para o desenvolvimento dos mercados de bioeconomia no Amazonas diz respeito à assimetria de informações ao longo das cadeias de valor da sociobiodiversidade. Com isso, essa parceria com o Mapa tem o propósito de trazer inovações, objetivando não só agregar valor, mas, principalmente, diminuir essa assimetria de informações ao longo dessas cadeias”, destaca a secretária.

Tatiana reforça ainda que um aspecto importante do Projeto “é de fazer uma ponte entre os produtores, os agentes de crédito e o ecossistema de inovação no Amazonas, estruturando os mercados de bioeconomia ao incorporar inovações, ciência e tecnologias ao longo das cadeias e aproveitar não só a biodiversidade, mas também o ambiente de pesquisa no Estado”.

Entre os beneficiados está a Associação dos Agropecuários de Beruri (Assoab) que também atende comunidades do entorno, como, por exemplo, da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu Purus e da Terra Indígena (TI) Itiximitari.

Sandra Soares Amud Neves, diretora-presidente da Assoab, fala sobre a relevância do acordo firmado entre as entidades e salienta, o benefício para o incentivo e desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia.

“Vem para ajudar muito no setor produtivo, que precisa de incentivo para dar maior visibilidade para as diferentes cadeias produtivas, pois uma cadeia fortalece a outra à medida que a bioeconomia ganha força e desenvolvimento’.

E continua: ‘Dessa forma, a sociedade passa a valorizar os produtos da sóciobiodiversidade como essenciais para a economia da região, associada ao desenvolvimento ambiental e à manutenção dos recursos naturais, em especial na Amazônia, que possui uma enorme diversidade de produtos’.

Esses produtos necessitam de incentivos e pesquisa para começar a serem explorados, economicamente, em outros setores da indústria, como farmacêutico, cosméticos, além da indústria alimentícia”, conclui.

No total hoje, a Assoab trabalha com o total de 322 famílias de comunidades da TI Itiximitari e da RDS Piagaçu Purus, e também, com 65 famílias da agroindústria no processamento da castanha-do-Brasil em Beruri.

As dificuldades enfrentadas pelos setores da agropecuária e da agroindústria em Beruri é a ausência de boas práticas, a logística dos produtos, além de problemas com fungos.

O convênio integra o programa Bioeconomia Brasil – Sociobiodiversidade, que é coordenado pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF) do Mapa e, também, uma parceria com o Governo do Amazonas.

A ideia é estimular o desenvolvimento de soluções tecnológicas e ampliação do acesso ao crédito, por exemplo, por meio da linha Pronaf Bioeconomia do Ministério. Os recursos serão aplicados até dezembro de 2022.

O objetivo do convênio é desenvolver um protótipo de sistema que trata informações sobre o mercado de produtos da sociobiodiversidade e do extrativismo, estabelecer mecanismos para ampliar o acesso ao crédito, como também garantir a obtenção de certificações e implantar processos de rastreabilidade inovadores nas cadeias produtivas.

O programa Bioeconomia Brasil chegou para promover a articulação de parcerias como essa com o Estado do Amazonas, focadas na promoção e estruturação de sistemas baseados no uso sustentável dos recursos da sociobiodiversidade e do extrativismo. Com isso, queremos fomentar essas cadeias produtivas e prepará-las para acessarem mercados com agregação de valor aos produtos”, destaca o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke.

Dentre os principais pontos a serem solucionados nas cadeias em destaque estão o baixo grau de tecnologia e inovação, a pouca agregação de valor, o acesso reduzido a mercados diferenciados e a necessidade de uma melhor estruturação dos mercados da bioeconomia no Amazonas.

FOTOS: Bruno Zanardo/Secom e Ricardo Oliveira/Arquivo Sema