SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Centenas de pessoas protestaram em Santiago, segunda maior cidade de Cuba, neste domingo (17), contra apagões que assolam o país desde o começo de março. A população protesta também contra a escassez de alimentos na ilha.

Os manifestantes tomaram as ruas com gritos de “energia e comida”, de acordo com vídeos publicados nas redes sociais. Os apagões colocam em risco alimentos congelados, aumentando as tensões no país.

Cuba entrou numa crise econômica quase sem precedentes desde a pandemia com uma enorme escassez de alimentos, combustível e medicamentos. Esse cenário provocou um êxodo recorde de mais de 400 mil pessoas para os Estados Unidos.

Segundo um homem que pediu para não ser identificado, a primeira secretária do Partido Comunista em Santiago, Beatriz Johnson Urrutia, seguiu para o local dos protestos.

Ela disse que os manifestantes tinham sido respeitosos e ouvido atentamente as explicações do governo sobre a escassez de alimentos e eletricidade. Vídeos nas redes sociais sugerem que a manifestação foi pacífica.

Miguel Díaz-Canel, líder de Cuba, usou as redes sociais para dizer que está disposto a atender os pedidos da população. Ele afirmou, porém, que supostos terroristas americanos estavam usando os atos para promover desordem.

“Os inimigos da revolução tentam aproveitar o contexto para fins desestabilizadores”, afirmou ele no X, antigo Twitter.

A embaixada dos Estados Unidos em Cuba pediu que o governo respeite os direitos dos manifestantes.

O ministro cubano dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodriguez, criticou os comentários, atribuindo a situação econômica crítica de Cuba ao embargo comercial e às sanções dos EUA.

“O Governo dos EUA, especialmente a sua embaixada em Cuba, deve abster-se de interferir nos assuntos internos do país e incitar a desordem social”, disse Rodriguez no X.

Desde o início de março, Cuba enfrenta uma nova série de cortes de energia devido às obras de manutenção na central termelétrica Antonio Güiteras, a mais importante da ilha e localizada na província de Matanzas.

No fim de semana, o problema foi agravado pela escassez de combustível no país, necessário para abastecer as outras termelétricas.