Um estudo apresentado neste sábado (13) no Congresso Europeu de Endocrinologia, em Istambul, na Turquia, relaciona o estresse no final da gravidez a uma melhora nas habilidades de comunicação nos primeiros três anos de vida das crianças.
Este foi o primeiro trabalho a estudar a relação do cortisol (um hormônio liberado quando passamos por situações de estresse) e o desenvolvimento da linguagem em crianças.
O grupo de pesquisadores do Hospital Universitário Odense, na Dinamarca, analisou dados de 1.093 mulheres grávidas e, posteriormente, dos filhos delas.
Eles descobriram que as meninos expostas a altos níveis de cortisol no útero nos três meses finais da gravidez podiam dizer mais palavras entre 12 e 37 meses de vida. Já as meninas eram melhores em entender mais palavras entre 12 e 21 meses.
Segundo os autores do trabalho, o desenvolvimento da linguagem de uma criança na primeira infância é um indicador de quão bem o sistema nervoso do bebê foi desenvolvido no útero.
O cortisol, por sua vez, tem um papel fundamental na formação do cérebro.
“Tivemos acesso a uma grande coorte de estudo, métodos de análise de alta qualidade e covariáveis relevantes, tornando nosso estudo uma importante contribuição para a compreensão fisiológica da exposição pré-natal ao cortisol na maturação fetal e no desenvolvimento infantil”, afirmou em comunicado a pesquisadora Anja Fenger Dreyer.
A equipe agora vai avançar em outro estudo para descobrir se altos níveis de cortisol no útero têm relação com o QI, que mede a inteligência.
“O desenvolvimento precoce da linguagem em crianças é conhecido como um preditor de função cognitiva mais tarde na vida, como atenção, memória e aprendizado, por isso queremos investigar se a exposição pré-natal ao cortisol também está associada a pontuações de QI de crianças de sete anos de idade”, complementou Anja.