Foto: acervo pessoal

A estudante de enfermagem Lohayna Beatriz Oliveira, prestes a completar 21 anos de idade, morreu por infecção generalizada enquanto estava internada no dia 22/12/2019 no Hospital Rio Negro, em Manaus. Familiares da jovem entraram em contato com a redação do portal Amazônia Press para denunciar o que acreditam ser mais um caso de negligência médica envolvendo o sistema médico da Hapvida.

A jovem foi à unidade médica nos dias no dia 11 de dezembro, 13 de dezembro, e 16 dezembro de 2019, com sintomas de dor de garganta e febre alta, mas, igual a outros casos já noticiados aqui, foi medicada e mandada de volta para casa. Segundo familiares, os médicos disseram que Lohayna estava com amigdalite, mesmo sem a realização de exame para comprovar a doença.

A estudante de enfermagem chegou a publicar um desabafo nos stories de seu perfil em uma rede social, por não aguentar mais buscar um atendimento digno pelo sistema Hapvida.

“Eu não sei o motivo de um hospital ter médicos que olham para a tua cara e te mandam para casa. Eles não aplicam um exame de eficácia e nem de mandam fazer os exames de diagnóstico laboratorial ou de imagem. O único exame que eles fazem é u exame holístico e já diagnosticam um paciente??? Pelo amor de Deus, onde está a assistência humanizada que as faculdades de saúde ensinam? Essas pessoas faltaram nessas aulas? Estava em greve? O que é isso? As pessoas se matam para pagar um plano particular pelo fato de nosso Sistema Único de Saúde já ter falhas e, quando precisam de uma assistência privada, ainda temos essas dificuldades. E, para aqueles que estão em formação na área de medicina, espero que não cometam os erros que essa geração de médicos está fazendo”, disse a jovem na publicação.

A jovem também publicou em outra rede social: “Colegas, futuros médicos ou enfermeiros, quando se formarem, deem um atendimento digno aos seus pacientes”.

Em uma das ocasiões, foi diagnosticada com pneumonia sem ter feito quaisquer exames iniciais e, mesmo assim, não foi internada. A estudante deu entrada no hospital na quarta-feira (18), pela manhã, porém somente a noite, conseguiu ser internada. No dia 19/12/2019, Lohayna Beatriz apresentou uma piora no quadro de saúde e teve febre alta.

A estudante foi internada depois que os exames mostram alterações nas plaquetas, leucócitos e no pulmão. Quando informaram para a mãe da estudante o seu falecimento, os médicos disseram que ela poderia ter contraído H1N1, pelo ar, visto que na quarta-feira (18), havia falecido uma outra moça, com os mesmo sintomas e diagnosticada com H1N1.

Por volta de quatro dias, Lohayna permaneceu com infecção generalizada e insuficiência renal. Na tarde do dia 22, ela não resistiu a uma parada cardíaca e veio a óbito.

A equipe de reportagem do portal Amazônia Press entrou em contato com a assessoria da rede hospitalar Hapvida mas, até o presente momento, não obtivemos respostas.

“Precisamos parar essa carnificina”

Diego Farias, pai do jovem de 18 anos Miguel Ângelo, perdeu o seu filho após 20 dias de luta e uma sequência de erros por parte do atendimento médico oferecido pela rede hospitalar Hapvida. Em denúncia enviada ao portal Amazônia Press, Diego revela que precisa “parar esse abatedouro” e diz não querer que “outras famílias chorem o que temos chorado”.

O pai do jovem comenta que o levou pela primeira vez no Hospital Rio Negro, centro de referência em cardiologia e neurologia do Hapvida em Manaus, no último dia 05 de junho, por volta das 23h, pois o pequeno estava sentindo fortes nos braços, pernas e articulações. O primeiro exame dele foi às 23h50.

“Fizeram o primeiro hemograma e foi relatada a suspeita de ‘dengue’, até aí tudo bem… Eles diziam isso por conta das plaquetas que deram super baixas. Mandaram repetir esses exames e novamente deu que ele estava com as plaquetas baixas. O que mais me deixa com raiva é que, quando alguém está com plaquetas baixas pode resultar a possíveis sangramentos. Isso tem que ser tratado com muita atenção, visto que pode causar até uma internação, mas eles não deram a mínima. O que fizeram foi só receitar dipirona ou paracetamol, um remédio para rinite e soro. O mandou para casa com um aviso na receita de que ‘se tiver sangramento, é preciso retornar ao hospital’. Caramba, se tem risco, porque não internar?”, declarou.

De acordo com ele, o filho retornou para casa ainda sentindo fortes dores nas articulações e sem conseguir se alimentar por sentir falta apetite. No dia 12 precisaram retornar ao hospital Hapvida, visto que a criança ainda estava com muitas dores, palidez e cansaço. Chegando lá enfrentaram uma longa demora e, no momento em que foram atendidos, solicitaram s mesma coisa do primeiro exame: hemograma completo.

“Ele já não aguentava ser furado e, o que surpreendeu um total de zero pessoas, as plaquetas continuavam baixas, correndo risco de sangramento interno, no intestino ou até mesmo no cérebro. Também descobriram uma suporta infecção urinária (que depois foi desmentida quando fomos ao Tropical). Como sempre, nada foi feito e fomos mandados para casa mais uma vez. Agora com uma receita do antibiótico Ciproflox. Nem assim para internar”, disse.

Depois de tantos retornos para casa e ver o seu filho daquela forma, Diego relata que foi preciso agir por conta própria.

“Procuramos fazer tudo em particular porque a Hapvida só tinha datas mais distantes e não poderíamos esperar mais. No dia 16, fomos em um reumatologista que suspeitou de lúpus, mas não descartava a hipótese de ser leucemia. O desespero tomou de conta e ele nos mandou fazer vários exames que custavam mais de 3mil reais! Como não tínhamos todo esse valor, no dia 19, corremos para o Tropical, que fez uma boa parte dos exames e ainda complementou com outros. No dia 22, o meu filho retornou ao Hapvida com palidez, fadiga, com fortes dores nos membros e uma febre que beirava os 39 graus. Lá foi atendido e foi feito exame que dava plaquetas baixas. Aí você tira o amadorismo desses “profissionais”. Deram soro, medicamento pra dores e 3 horas depois mandaram de novo para casa!”, comentou.

No dia 23, Diego e sua esposa foram pegar os resultados dos exames feitos no Tropical, até que o médico os comunicou que havia a suspeita de ser leucemia.

“Meu filho já estava pior do que antes, mas eles nos disseram que era pra procurar o hematologista do Hapvida que, com muita luta, conseguimos, mas só para o dia 24. Nesse dia, o meu filho acordou muito, mas muito mal! Quase não tomou café e fomos direto para o hematologista, que recebeu os exames, olhou e analisou o Miguel”, declarou.

Diego ressalta ainda que o hematologista, “sem dor ou qualquer preparou”, olhou nos olhos dos dois e disse: “seu filho tem leucemia aguda, ele precisa ser internado com urgência aqui na Hapvida ou no Hemoam”.

“Corremos, choramos e nos desesperamos. O levamos no Hapvida e de lá, às 20h, o meu filho foi entubado porque, segundo o médico, ele estava ‘ansioso’. Ele saiu de lá dentro de um saco preto, às 00h31 do dia 27 de junho. Sem diagnóstico e, no obituário, a causa da morte consta como desconhecida. Pois é, ele morreu, do nada, depois de uma batalha de mais de 20 dia, por uma morte desconhecida. Não sabíamos que a Hapvida era tão ruim quanto um SUS”, finalizou.