BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) recebeu o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para uma conversa no Palácio da Alvorada, na noite de domingo (21).

O encontro acontece em meio à crise entre os Poderes, com Lira criticando publicamente o responsável do governo pela articulação política, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Lira chegou a afirmar que o ministro era um “desafeto pessoal” e “incompetente”.

O governo também busca melhorar a relação com o Congresso Nacional, com o risco de sofrer derrotas que podem afetar o equilíbrio das contas públicas.

A conversa foi confirmada à Folha de S.Paulo por um interlocutor no Palácio do Planalto. Ele não constava na agenda pública nem de Lula e nem de Arthur Lira.

Na semana passada, Lula indicou a aliados que pretendia se encontrar com Lira e também com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O mandatário também quer reuniões com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Lula reuniu ministros palacianos e líderes do governo na sexta (19), em um almoço de emergência no Palácio do Planalto. O encontro durou quase três horas.

Participaram da reunião com Lula no Planalto Padilha, Rui Costa, Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) e os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).

Ao deixar o encontro, Guimarães afirmou a jornalistas que era necessário “ter sempre sintonia com o Lira”. No entanto, o líder do governo na Câmara negou que haja uma crise insuperável com o presidente da Casa legislativa.

“Isso é só fazer um consertinho ali, um consertinho lá, mas nada que atrapalhe a nossa vontade e o presidente Lira tem tido essa vontade de votar os projetos de interesse do país”, afirmou na ocasião.

Além da briga com Lira, o governo vive um momento delicado com o risco de avanço da pauta-bomba, que pode ter impacto bilionário para as contas públicas. O principal item é a PEC (proposta de emenda à Constituição) que turbina o salário de juízes e promotores, com custo anual de cerca de R$ 40 bilhões.