O ex-presidente Lula desembarca em Minas Gerais no momento em que o seu palanque no 2º maior colégio eleitoral do país corre o risco de implosão. Isso porque o seu partido, PT, tem diferenças com o PSD de Alexandre Kalil e pode perder o apoio do ex-prefeito de Belo Horizonte, pré-candidato ao governo.
O desafio de Lula é garantir o espaço pretendido pelo PT mineiro na chapa com Kalil, de colocar o deputado federal Reginaldo Lopes como candidato ao Senado. A resistência do PSD envolve outro Alexandre, o Silveira, que é o preferido de Kalil para integrar a chapa Senado/Governo na campanha.
Silveira era suplente do senador Antonio Anastasia e assumiu o cargo em fevereiro deste ano, quando Anastasia renunciou para assumir vaga no Tribunal de Contas da União. Como Silveira tem uma cadeira no Senado, o PSD defende que ele deve ser candidato para permanecer no cargo. Já o PT cobra uma contrapartida na chapa para firmar o apoio e ter o palanque Lula/Kalil.
Além disso, o provável candidato a vice de Kalil é o deputado estadual Agostinho Patrus, que trocou o PV pelo PSD. Portanto, seriam três nomes do PSD nas candidaturas majoritárias em Minas contra nenhum do PT.
“Lula está bem em Minas, melhor que o Kalil. Óbvio que precisamos de palanque, não desprezamos isso, mas não é sangria desatada”, disse ao blog a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
O impasse gera até movimentos internos no PSD de Minas, com parte do partido cogitando não apoiar Lula e declarar voto em Jair Bolsonaro (PL), o que deixaria Kalil sem apoio na esfera nacional.
Minas Gerais não é o único estado em que o PT enfrenta dificuldades. Há chapas travadas no Rio de Janeiro, onde Marcelo Freixo (PSB) deve concorrer ao governo, mas Alessandro Molon (PSB) e André Ceciliano (PT) disputam a vaga ao Senado.
Em São Paulo, Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) querem o governo do estado, com o petista na lideranças das pesquisas até aqui. Setores do PT defendem França como candidato ao Senado, mas há no partido quem defenda a sua candidatura ao governo para desidratar o centro, levando para o segundo turno o candidato de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, que, para alguns, seria mais fácil de ser vencido.
Disputa entre bolsonaristas
O campo bolsonarista também enfrenta dificuldades similares às de Lula nos estados. No Rio, Bolsonaro tem Daniel Silveira (PTB), condenado pelo STF por ataques antidemocráticos, e Romário (PL) como nomes cotados para concorrer ao Senado.
O mesmo acontece no Distrito Federal, com duas ex-ministras na mira da mesma disputa: Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos) também de olho no Senado. Neste caso, o Republicanos ameaça com a candidatura de Damares, de olho na vaga da suplência de Flávia.
Em São Paulo, Bolsonaro tem o desafio de conciliar quatro possíveis candidatos ao Senado que estão no leque de partidos aliados: Janaina Paschoal (PRTB), Carla Zambelli (PL), Paulo Skaf (Republicanos) e José Luiz Datena (PSC). Janaína e Carla, inclusive, trocaram farpas nas redes sociais neste fim de semana.
Existe, porém, uma alternativa para os partidos aliados lançarem mais de um nome ao senado. No fim de 2021, o deputado federal Delegado Waldir (União Brasil) enviou consulta ao TSE para saber se partidos de mesma coligação podem lançar diferentes candidatos ao Senado. A matéria está com o ministro Ricardo Lewandowski.
O blog teve acesso à análise técnica feita pelo TSE que vai nortear os votos dos ministros. Nela, o Tribunal disse que pode ter candidatura solo, não com coligações diferentes, mas pode ter uma avulsa dentro de uma mesma coligação.
Se partidos A, B e C se uniram para lançar candidatura de um determinado candidato a governador, se o A quiser um candidato solo ao Senado ele pode. Não pode ter subcoligação de A e B para um nome diferente para este cargo.
Fonte: G1