Durante encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na quarta-feira (13), o ex-presidente Lula deixou claro que busca apoios dos partidos da chamada 3ª via ainda no primeiro turno.
Além do PSD de Pacheco (e Gilberto Kassab), o petista vai buscar o apoio do MDB, que tem Simone Tebet como pré-candidata à Presidência. Na segunda-feira (18), tem encontro marcado com cerca de 10 lideranças do MDB. O ex-presidente José Sarney deve participar, por vídeo.
A negociação com o MDB é mais difícil. Um dos entraves é costurar um apoio oficial de Michel Temer a Lula. Temer sabe que, num eventual governo petista, não será tratado como ex-presidente, e, sim, como “golpista”, como petistas o chamam.
Negociações para apoio em eventual novo mandato
Além das articulações para a eleição, a campanha de Lula já entrou na fase de buscar apoios de olho na eventual governabilidade para o caso de vitória em outubro.
O ex-presidente sabe que ganhar a campanha é uma coisa e governar, outra. É por isso, na avaliação de aliados, que ele já sinalizou a Rodrigo Pacheco que vai apoiá-lo caso ele dispute um novo mandato como presidente do Senado e, por consequência, do Congresso.
Nos bastidores, a cúpula do PSD reconhece que com o gesto de Lula na quarta – com foto com Rodrigo Pacheco- o ex-presidente uniu o partido entorno de sua eventual governabilidade.
É disso que se trata a movimentação de Lula: garantir, de largada, o maior número de bancadas na Câmara.
O PSD – que hoje tem a 5ª maior bancada, com 47 parlamentares – espera chegar a 60 deputados federais na eleição em outubro e se tornar a 3ª maior bancada, atrás apenas de PL e do PT.
Dessa forma, se a esquerda fizer cerca 150 deputados e Lula conseguir o apoio do PSD, começaria um eventual novo governo com cerca de 200 parlamentares independentemente de negociação. Isso sem contar os integrantes do MDB que já estão com o ex-presidente. Os demais, avaliam interlocutores do petista, ele tratará no dia a dia.
Com Centrão, negociação será após a eleição
No caso da Câmara, a situação é mais embolada: no encontro de quarta-feira (13), Lula fez críticas ao poder do presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL) por causa do orçamento secreto (ouça, abaixo, o episódio do Podcast O Assunto sobre tema).
Lira, que é um dos principais líderes do Centrão, hoje atua alinhado com o Palácio do Planalto.
Lula fez uma comparação com o ex-presidente da Câmara Ulysses Guimarães – uma das figuras mais marcantes da República brasileira. O petista disse que, mesmo no comando de diversas funções e com a importância que tinha, Ulysses nunca teve o poder que o “moço Lira” tem no Congresso.
Pré-candidato a vice na chapa de Lula, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), que participou do encontro, reforçou as diferentes funções de Ulysses.
No comitê de Lula e Alckmin, a estratégia é só conversar com os líderes do Centrão após a eleição – e, neste momento, investir em outros aliados, como o PSD e MDB.
Pacheco diz que vai atuar para que eleito tome posse
Durante o encontro, o presidente do Senado disse que vai atuar em defesa da democracia, em favor das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral e que para que o vencedor da eleição em outubro tome posse.
O presidente do Senado disse ainda que foi mal interpretado ao dizer que Lula e Bolsonaro tinham o dever de condenar a violência politica no caso de Foz. Pacheco argumentou que não estava igualando os dois, mas, sim, dizendo que, como detentores de 80% por cento das intenções de voto, Lula e Bolsonaro têm a responsabilidade de pedir paz e pregar pela democracia.
Fonte: G1