A inflação nos últimos 12 meses cedeu em março e caiu para 4,65%, seu menor nível desde o ano móvel fechado em janeiro de 2021, segundo dados oficiais divulgados nesta terça-feira (11).
A taxa acumulada do IPCA nos últimos doze meses ficou abaixo dos 5,60% observados em fevereiro, indicou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
É o resultado mais baixo para a inflação no Brasil desde janeiro de 2021 (4,56%), que por sua vez também foi a última vez que a taxa ficou dentro da meta anual do Banco Central (BC). Para este ano, o objetivo do BC tem um teto de 4,75%.
É uma boa notícia para o governo Lula. O Executivo espera dissipar os fantasmas de um prolongado ciclo inflacionário para alavancar o crescimento econômico.
No entanto, analistas alertaram que é improvável que a queda convença o BC a mudar sua política monetária, em meio a uma disputa com Lula, que insiste que a instituição deve reduzir a taxa Selic para impulsionar o crescimento.
Em 13,75% desde agosto do ano passado, é uma das taxas básicas de juros mais altas do mundo.
“A inflação subjacente (que não inclui preços voláteis como alimentos e energia) continua alta e a inflação geral deve subir novamente no próximo trimestre”, disse em nota William Jackson, da consultoria Capital Economics.
“Consequentemente, duvidamos que esse resultado impulsione (o Banco Central) a alterar sua postura de linha dura”, acrescentou o economista.
O recuo da inflação de 12 meses em março se explica pela queda nos preços de alguns alimentos. Mas isso foi compensado pela alta dos combustíveis, devido ao retorno da cobrança de impostos federais sobre a gasolina e o diesel, que haviam sido suspensos pelo governo anterior em pleno período eleitoral.
“Os resultados da gasolina e do etanol foram influenciados principalmente pelo retorno da cobrança de impostos federais no início do mês”, explicou o IBGE no comunicado.
O índice mensal também caiu, no terceiro mês do ano, a 0,71%, frente a 0,84% em fevereiro e 1,62% em março de 2022.
Lula promete um retorno ao crescimento econômico sólido, aliado a políticas de assistência social que marcaram seus dois primeiros governos (2003-2010).
“O Brasil voltou para conciliar novamente crescimento econômico com inclusão social”, tuitou na segunda-feira, ao completar cem dias de governo.
As perspectivas de um maior gasto social têm causado receio no mercado, que teme um descontrole das contas públicas e uma nova disparada da inflação.
O Brasil encerrou 2022 com uma inflação de 5,79%, acima da meta do Banco Central, porém abaixo da de 2021, quando a alta dos preços ao consumidor chegou a 10,06%.
A economia brasileira encolheu 0,2% no quarto trimestre de 2022 em relação ao trimestre anterior, aumentando os temores de que o governo possa lidar com uma recessão, caso a tendência se confirme.
Porém, o BC afirma que a inflação não está controlada e que continua sendo uma grande preocupação.
O mercado elevou essa semana sua expectativa de inflação para este ano a 5,98%, segundo o boletim Focus do Banco Central.