O ensino superior no Brasil tem um certo deficti em número de mestrandos e doutorados, mas nos últimos anos a presença de indígenas nas Universidades tem aumentado. O anúncio do estudante indígena Jósimo Constant ou Kãdeyruya (32) do povo Puyanawa, da Aldeia Barão, do Acre, que ganhou a bolsa para seu curso de doutorado no EUA traz esperança para o universo académico e para sua tribo que festejou com alegria e danças. Com orgulho de seu feito, pretende incentivar outros jovens indígenas em comunidades indígenas.
O indígena Jósimo Constant ou Kãdeyruya, foi um dos selecionados pelo Education USA na última edição do programa Oportunidades Acadêmicas que contou com a Comissão Fulbright e a Fundação Lemann. Desde os 4 anos de idade, Jósimo é um encantado pelo inglês, quando ouvia os missionários americanos que visitavam sua Aldeia. Atualmente, sua próxima meta acadêmica é realizar o Doutorado em Ciências Políticas em uma universidade americana para melhorar a política nacional de saúde indígena brasileira.
”Quero estudar as práticas médicas voltadas para os indígenas no Brasil e ajudar a mudar a realidade do país através do seu estudo. Acompanhando a minha mãe que tem esquizofrenia, percebi como o nosso povo tem dificuldade de acesso a saúde e ainda possui um tratamento muito precário. Com a oportunidade do EducationUSA e parceiros, vou conseguir crescer, inspirar outros jovens e levar as narrativas do meu povo para o mundo,” conta Kãdeyruya que significa “bom professor” no dialeto nativo.
Foi em Cruzeiro do Sul, aos sete anos, que Jósimo começou a ser alfabetizado. Depois, concluiu o ensino médio também na cidade em 2006. Ele fala que após se formar participou de uma seleção por meio de um convênio entre a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Universidade de Brasília (UnB). O indígena também participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e do Programa de Educação Tutorial (PET) da UnB.
“Com a nossa luta, a dos indígenas, conseguimos isenção no restaurante universitário e auxílio-moradia. Depois também consegui uma bolsa do MEC bem melhor do que a que eu já recebia e aí as coisas melhoraram para mim.” afirma o indígena.
O Brasil hoje reconhece a diversidade sociocultural e educacional dos povos indígenas. Ela se expressa pela presença de mais de 220 povos indígenas distintos, habitando centenas de aldeias localizadas em praticamente todos os Estados da Federação. A mudança no tecido social das universidades brasileiras está nos relatórios do último Censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação em 2017. A pesquisa mostra que o número de indígenas matriculados em instituições públicas e privadas cresceu 52,5% de 2015 para 2016, passando de 32.147 para 49.026.
Foto: Arquivo Pessoal