O impasse judicial que se formou em torno do candidato progressista ao cargo de primeiro-ministro da Tailândia, Pita Limjaroenrat, vencedor das eleições legislativas em maio, se tornou ainda mais complexo nesta quarta-feira (12), quando ele é acusado de querer “derrubar” a monarquia, às vésperas de uma votação crucial.
Em um contexto de grande tensão, deputados e senadores devem reunir-se na quinta-feira (13) para designar o próximo chefe de governo, função que apenas Limjaroenrat procura neste neste momento.
Mas o deputado do partido Move Forward, o preferido das novas gerações, enfrenta processos em dois casos distintos, que embaralham suas chances de chegar ao poder e agitam o cenário de novas manifestações, em um país já acostumado a crises.
Os eleitores impuseram uma derrota contundente aos militares em maio, mas a alternância de poder corre o risco de se chocar contra o muro de uma Constituição favorável aos interesses do Exército, que governa há quase uma década e considera seu potencial sucessor muito radical.
A comissão eleitoral tailandesa, a Ittiporn Boonprakong, considerou que havia elementos suficientes para transmitir ao Tribunal Constitucional o processo de Pita Limjaroenrat, acusado de ter ações de um canal de televisão durante a campanha, em contradição com a lei.
O presidente da comissão confirmou que recomendou a suspensão de Limjaroenrat, a face do renascimento político na Tailândia.
O parlamentar de 42 anos, que corre o risco de prisão, de perda da cadeira e de inelegibilidade por 20 anos, se defende de qualquer manobra ilegal. “Mantenho o ânimo”, reagiu ele aos jornalistas, perante a Assembleia Nacional, denunciando um procedimento “acelerado” e “injusto” contra ele.
Em outro caso, o Tribunal Constitucional anunciou que acolheu o pedido de um advogado que acusa Pita Limjaroenrat e o Move Forward de quererem “derrubar” a monarquia.
O partido Move Forward ganhou protagonismo ao se lançar a partir de um programa de ruptura que faz eco às reivindicações dos grandes protestos de 2020 por uma reforma profunda da monarquia.
Entre as medidas propostas mais ousadas estaria uma reforma da lei de lesa-majestade, que só o movimento se atreve a mencionar em público, diante do risco de processos judiciais, em função do status intocável – quase divino – do rei, que poderia levar à dissolução do partido.