SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Hamas publicou, nesta quarta-feira (24), um vídeo em que aparece Hersh Goldberg-Polin, um jovem de 23 anos de nacionalidade americana e israelense que foi sequestrado na Universo Paralello, rave interrompida por ataques do grupo terrorista no sul de Israel no dia 7 de outubro.

“Saí em busca de diversão com meus amigos e, em vez disso, acabei lutando para sobreviver com ferimentos graves no corpo todo”, afirma ele, que aparece com um braço amputado. Não há informações sobre o local ou a data em que o vídeo, divulgado em um dos canais da facção no Telegram, foi gravado. Tampouco são conhecidas as circunstâncias em que Goldberg-Pelin deu seu depoimento.

O refém diz passar fome no cativeiro e critica o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, por não chegar a um acordo com o Hamas para a libertação dos capturados, um ponto que tem causado grande desgaste a seu governo. “Vocês também deveriam se envergonhar porque rejeitaram todos os acordos que foram oferecidos”, diz ele. “Binyamin Netanyahu e membros do seu governo, enquanto vocês almoçam com as suas famílias, pensem em nós, detidos em um inferno subterrâneo, sem água, comida, sol e sem o tratamento de que preciso. (…) É hora de vocês entregarem as chaves do governo, desocuparem os ministérios e irem para casa.”

“Eu tive que proteger a mim e às pessoas que estavam com medo perto de mim porque não havia ninguém para nos proteger naquele dia”, afirma Goldberg-Pelin na gravação. “Binyamin Netanyahu e seu governo deveriam ter vergonha. Vocês nos negligenciaram, como milhares de cidadãos. Deveriam se envergonhar de nos abandonar por 200 dias. Todos os esforços do Exército falharam.”

Natural da Califórnia, Goldberg-Polin morava em Jerusalém e estava na festa invadida pelos terroristas. Foi levado para a Faixa de Gaza quatro dias depois de completar 24 anos, segundo o jornal israelense Haaretz.

Assim como ele, aproximadamente 250 pessoas foram capturadas pelo grupo terrorista no mesmo dia. Dessas, cerca de 130 seguem em cativeiro no território palestino após um acordo de cessar-fogo liberar dezenas delas, mas 34 podem estar mortas, de acordo com Israel. Na gravação, o refém fala em 70 capturados que teriam sido mortos por bombardeios de Tel Aviv.

O Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos –que se formou após o ataque e no qual a mãe de Hersh, Rachel Goldberg-Pelin, tem papel ativo– afirmou pela rede social X que a família do jovem autorizou a imprensa a divulgar o vídeo.

Horas após a gravação ser transmitida, dezenas de manifestantes se reuniram em frente à residência de Bibi em Jerusalém para protestar, incluindo amigos de Goldberg-Polin. Houve confronto com policiais no protesto, e pelo menos uma pessoa foi presa.

“O grito de Hersh é o grito coletivo de todos os reféns –o tempo deles está se esgotando rapidamente. A cada dia que passa, o medo de perder mais vidas inocentes fica mais forte”, afirmou a organização. “Esse vídeo angustiante serve como um apelo urgente para tomarmos medidas rápidas e decisivas para resolver esta terrível crise humanitária e garantir o regresso seguro dos nossos entes queridos.”

No vídeo, o jovem dirige-se à sua família. “Eu amo muito vocês e sinto saudades. Penso em vocês todos os dias. Sei que estão fazendo o melhor para me levar para casa o quanto antes.”

O embaixador da Alemanha em Israel, Steffen Seibert, disse ter “sentimentos conflitantes sobre o vídeo”. “Cheio de afeto por seus pais, que finalmente recebem um sinal de vida”, escreveu ele. “Desprezo profundo pelos terroristas do Hamas que tão cruelmente divulgam seu próprio crime.”

Neste mês, Rachel, mãe de Hersh, foi escolhida pela revista americana Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo por sua luta pelos reféns em Gaza. Na ocasião, ela agradeceu à publicação “por reconhecer o significado e a gravidade da crise”.

“Rezo para que essa plataforma ajude a fazer o mundo não abandonar essas 133 almas restantes, que vêm de 25 países, cinco religiões e têm idades que variam entre 15 meses e 86 anos, e que agora estão mantidas reféns em Gaza há 194 dias. Não podemos fechar os olhos para o sofrimento desses seres humanos, juntamente com o sofrimento de todos os inocentes em Gaza”, disse ela, em um comunicado do Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos.