BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (15) que mudanças que tirem a credibilidade da meta fiscal tornam o trabalho da autoridade mais difícil e aumentam o custo da política de juros.

A declaração foi dada no mesmo dia em que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs uma revisão na trajetória das contas públicas, reduzindo a velocidade do ajuste fiscal. Para 2025, a meta fiscal passará a ser zero, não mais um superávit 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

“Torna nosso trabalho muito mais difícil se houver a percepção de que não há uma âncora fiscal, porque a âncora fiscal e a âncora monetária precisam trabalhar juntas”, afirmou Campos Neto em evento nos Estados Unidos.

“Então, sempre que há uma mudança no governo que torna a âncora fiscal menos transparente ou menos crível, significa que você tem que pagar com custos mais altos do outro lado, então o custo da política monetária se torna mais alto”, complementou.

Campos Neto voltou a repetir a mensagem de que o ideal é que as metas não sejam alteradas e que se faça “o máximo possível em termos de esforço” para alcançar os alvos estabelecidos.

“Se, por algum motivo, você tiver que fazer um desvio nisso, é muito importante comunicar bem, porque se as pessoas perderem a confiança na âncora fiscal, então a âncora monetária é afetada, e vimos isso repetidamente em nossa história”, disse.

Na tarde desta segunda, a poucas horas da divulgação oficial PLDO (projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) confirmou à GloboNews a meta zero no ano que vem, em uma pouco usual entrevista exclusiva concedida pelo titular da pasta antes de uma coletiva à imprensa convocada para tratar justamente do tema.

A tarefa de explicar a piora no cenário fiscal coube a secretários das duas pastas, já que nem Haddad nem a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) participaram da coletiva.