BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) prorrogará até 4 de junho a GLO Garantia da Lei e da Ordem) que permite a atuação de militares em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo. A decisão deve sair em edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira (3).

O decreto que autorizou a participação das Forças Armadas no combate aos crimes de tráfico de drogas e armas acabava nesta sexta, por isso o governo anunciou a prorrogação. A decisão foi do presidente.

As GLOs são operações que autorizam militares a atuar com poder de polícia. Ocorrem em situações em que há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública e devem ser feitas em caráter episódico, em área restrita e por tempo limitado.

Os resultados da operação GLO são considerados positivos pelo governo.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, mesmo com os dados sendo comemorados por membros do governo, diversas áreas da gestão Lula foram contrárias à prorrogação.

Oficiais-generais da Aeronáutica e da Marinha ouvidos, sob reserva, argumentam que o decreto que estabelece as regras para o funcionamento da Garantia da Lei e da Ordem prevê que o emprego dos militares deve ser “episódico, em área previamente definida e ter a menor duração possível”.

A avaliação é que não cabe às Forças Armadas atuar na segurança pública. Os chefes militares, porém, disseram a interlocutores que mantêm as tropas de prontidão para uma eventual prorrogação da GLO.

Há uma batalha pela paternidade dos resultados das operações. Em alguns casos, a inteligência da PF foi quem conseguiu identificar a presença de drogas em embarcações, mas os méritos são dados à operação militar.

É o que tem acontecido no início deste ano. Para burlar a fiscalização, criminosos têm mudado de técnica para transportar drogas pelos portos. Uma delas envolve colocar a droga nos navios-garagem, cargueiros que transportam veículos e cuja inspeção é mais complicada.

Apesar de ter sido a PF que descobriu a mudança de estratégia dos traficantes, os dados das apreensões são apresentados como fruto da operação de GLO.

Os embates entre a PF e os militares das Forças Armadas começaram ainda na transição do governo Lula, no fim de 2022, quando houve um debate entre auxiliares do presidente eleito sobre quem deveria cuidar do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e ser o responsável pela segurança presidencial.

O governo do presidente Lula (PT) anunciou no dia 1° de novembro medidas para tentar enfrentar a crise na segurança pública no Rio de Janeiro.

Na ocasião, Lula assinou um decreto para a GLO para que militares da Marinha e da Aeronáutica atuassem em portos e aeroportos na tentativa de combater o crime organizado.

Nas redes sociais à época, o governador Cláudio Castro (PL) elogiou a medida, declarando que o Brasil “deu um importante passo para o enfrentamento da criminalidade em todo o território nacional, com a união entre os estados e o governo federal”.

O QUE FOI FEITO EM QUATRO MESES DE GLO

– Apreensão de 138 toneladas de drogas, sendo 11 toneladas de cocaína

– Apreensão de 273 armas, sendo 30 fuzis

– Prisão de 2.713 pessoas

– Revista de 630,8 mil veículos e passageiros

– Fiscalização de 10,8 mil embarcaçõe

– Vistoria de 15,9 mil cargas

– Vistoria de 7,8 mil contêineres

– Inspeção de 526,2 mil bagagens

– Apreensão de 30,9 mil ativos, em valor estimado de R$ 89,5 milhões