Com o objetivo de viabilizar o aumento da capacidade de transporte hidroviário de mercadorias pelo Complexo Portuário de Barcarena, o Governo do Pará, em uma articulação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), acaba de celebrar um Convênio de Cooperação Técnica com a Universidade Federal do Pará (UFPA) para o desenvolvimento de estudos para a análise do aprofundamento dos canais do Quiriri e Espadarte, localizados às proximidades da foz no Rio Pará, em uma iniciativa considerada fundamental para o aumento das condições de escoamento da produção paraense.
Com a iniciativa, que conta com um investimento de mais de R$13 milhões do Executivo Estadual, deverá ser analisada a viabilidade e os limites de dragagem dos dois canais – permitindo o aumento do porte de navios que aportam em Barcarena, sobretudo no porto de Vila do Conde – com o aprofundamento do calado operacional (profundidade em que o navio fica submerso na água), favorecendo a movimentação de cargas gerais e, principalmente, de granéis sólidos de origem vegetal, produtos de maior relevância na balança comercial brasileira.
O estudo considera ainda a localização geográfica privilegiada do Pará, que aumenta a competitividade do estado no mercado exportador, e a alta relevância dos portos do chamado Arco Norte, segunda maior opção de saída de grãos de soja e milho exportados do Brasil para o exterior.
Marco
“A realização desses estudos é um marco, uma entrega importantíssima do governador Helder Barbalho de uma demanda que há muito tempo é tema de discussões no Pará, mas nunca tinha sido iniciada. Portanto, hoje, nós estamos muito felizes em poder iniciar esses estudos tão importantes para toda a população do estado e para o setor produtivo que, poderão fortalecer o papel do Estado como grande exportador no contexto nacional e internacional, tornando a entrada e saída de produtos ainda mais intensa”, afirma José Fernando Gomes Júnior, titular da Sedeme.
Segundo Carlos Maneschy, titular da Sectet, a pesquisa tem potencial para trazer inúmeros resultados positivos ao Estado.
“Na medida em que você aumenta a capacidade de exportar, você traz mais arrecadação para o Pará, possibilitando uma maior geração de emprego e renda, um maior fluxo nos portos que, naturalmente, com esse aumento de tráfego, deverão ser ampliados e a CDP [Companhia Docas do Pará] já deixou claro que está em tratativas para o aumento da capacidade portuária em Barcarena. Hoje, em decorrência da baixa profundidade desses canais em determinados pontos, passam apenas entre seis ou sete navios, o que restringe o número de embarcações trafegando e diminui a capacidade do porto de Barcarena de escoar a produção.
Portanto, esse estudo vai apontar com clareza quais são as intervenções que o governo tem que fazer de maneira que a gente garanta um fluxo muito maior e mais eficiente de embarcações trafegando por essas vias fluviais”, explicou Maneschy.
Cooperação
Com a celebração do convênio, fica estabelecido um Plano de Trabalho, que será acompanhado pelo Estado de forma integral em relação a todas metas, cronograma e indicadores, que compreendem estudos geomorfológico, hidrológicos, maregráficos, além da caracterização dos canais de navegação, projeto de dragagem e estudo de viabilidade técnica. A previsão, segundo a UFPA, é de que o estudo seja concluído em cerca de 24 meses.
De acordo com o professor Hito Braga de Moraes, da UFPA, atualmente o calado máximo dos canais é de 13,8 metros e o objetivo é aprofundá-lo para que alcance o nível de aproximadamente 20 metros, facilitando o acesso das embarcações.
“Vamos fazer um levantamento de margem a margem da baía do Marajó para identificar possíveis canais que tenham uma viabilidade maior de aprofundamento. Hoje, a gente sabe que o canal do Quiriri é o canal principal de acesso a Vila do Conde, então, vamos fazer levantamentos sobre esse canal para quantificar volumes a serem dragados de maneira que tenhamos a possibilidade da entrada de navios maiores no Complexo Portuário de Barcarena, aumentando o calado máximo de 13,80 metros para cerca de 20 metros. A partir do estudo, vamos saber não só quanto teremos que dragar e também a taxa de assoreamento, considerando que o canal se localiza na Foz, uma região de natural processo de assoreamento. Tanto o canal do Quiriri quanto o Espadarte são utilizados para o tráfego de embarcações atualmente, mas a ideia é aumentar o nível de profundidade para aumentar esse fluxo e contribuir com a logística do estado”, afirma.
Atualmente em fase de levantamento estatístico da circulação de navios, consulta de especialistas e de preparação para início dos trabalhos de batimetria (medição de profundidade), o estudo conta com reuniões mensais de acompanhamento envolvendo todos os órgãos e instituições envolvidos.