As eleições municipais de 2024 no Amazonas trouxeram um cenário turbulento para o governador Wilson Lima (UB), que encerra o pleito como o maior derrotado. Derrotado nas principais cidades do estado, inclusive na capital Manaus, Lima agora enfrenta a possibilidade real de encerrar sua carreira política sem mandato em 2027, o que pode complicar ainda mais sua situação jurídica no Supremo Tribunal Federal (STF). A reeleição de David Almeida (Avante) para a Prefeitura de Manaus frustrou os planos do governador de fortalecer sua base para um futuro projeto ao Senado, dificultando o cenário de eleição para 2026.
Entre os principais derrotados, Wilson Lima desponta como o mais afetado, especialmente pela vitória de David Almeida sobre Alberto Neto (PL), candidato que havia sido apontado como uma escolha natural do governador para construir uma aliança sólida e estratégica no maior colégio eleitoral do estado. A vitória de Almeida representa não apenas a continuidade de um projeto que Lima não controlou, mas também um obstáculo para o governador, que contava com o apoio de um aliado de peso em Manaus para pavimentar uma candidatura ao Senado em 2026. Sem esse apoio, Lima poderá a cogita a possibilidade de disputar uma cadeira de deputado federal.
O discurso de parabenização de Wilson Lima, no entanto, foi amistoso e destacava seu compromisso com Manaus. Em nota, o governador declarou: “A democracia cumpriu seu papel e Manaus decidiu reeleger o atual prefeito para um novo mandato de quatro anos. Manaus sabe que pode continuar contando com o apoio do Governo do Estado, como vem acontecendo desde que fui eleito governador do Amazonas. Parabéns, David Almeida. Que Deus ilumine seu caminho.” A mensagem reforçou a postura institucional, mas não conseguiu esconder a perda significativa que Lima enfrenta com a derrota de seu candidato.
Em entrevista ao programa da TV A Crítica, Eleições 2024, logo após a festa da vitória, o prefeito reeleito David Almeida também destacou que não há problema pessoal com o governador, mas afirmou categoricamente que a parceria com Lima está rompida. “Ele precisa pagar os convênios firmados para que a Prefeitura de Manaus e o governo possam voltar a trabalhar juntas”, ressaltou Almeida, marcando uma postura de autonomia e de cobrança por compromissos financeiros e políticos do governo estadual. A fala é mais um sinal de que o cenário político entre os dois líderes será marcado por embates.
A derrota em Manaus enfraquece consideravelmente o governador, que já lida com uma série de acusações graves no STF. Ele é investigado como suposto mentor de uma organização criminosa, o que faz com que a manutenção de um mandato seja crucial para garantir foro privilegiado e evitar a tramitação de processos que podem atingir sua liberdade política e civil. Sem o sucesso eleitoral que esperava, Wilson Lima pode encontrar sérias dificuldades para se defender judicialmente.
Com o enfraquecimento político, o governador agora enfrenta o dilema de concorrer a um cargo menos expressivo para garantir foro privilegiado e evitar a perda de proteção judicial. Uma candidatura a deputado federal, apesar de ser menos ambiciosa do que o Senado, poderia ser uma saída estratégica para Lima. No entanto, tal movimento seria um claro sinal de fragilidade e poderia comprometer ainda mais sua posição no estado, onde enfrenta crescente desaprovação popular.
A sequência de derrotas nas principais cidades e a perda de apoio em Manaus colocam o governador em uma posição extremamente vulnerável. Enquanto aliados demonstram preocupação com o futuro de Lima, críticos enxergam a situação como uma consequência de uma gestão que não soube construir alianças sólidas. Agora, sem o apoio necessário nas esferas municipais e com uma nuvem de incerteza sobre seu futuro político, Wilson Lima precisa repensar sua trajetória se quiser manter-se relevante até 2026.