A paciente Cleuza Soares com a filha dela, Sama, e a auxiliar de limpeza, Márcia Moraes, que canta e encanta a todos no HC“Um anjo que canta para cuidar de mim”. É com essas palavras que a aposentada, Cleuza Soares, de 57 anos, define a auxiliar de limpeza, Márcia Moraes, que faz do canto, uma forma de acolhimento para pacientes em tratamento no Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC) – unidade do Governo do Pará que oferece assistência gratuita e especializada de alta e média complexidade em cardiologia, psiquiatria e nefrologia, em Belém.
Para Márcia, o canto é uma tentativa de ajudar pacientes e acompanhantes a enfrentarem as dificuldades da distância da família durante a internação. “Quando entro nas enfermarias e percebo alguém triste, canto para alegrar o ambiente e levar mensagens de esperança”, conta ela. “Alguns pacientes até me pedem para cantar. Eu me sinto feliz porque sempre gostei muito de cantar e, de alguma forma, estou ajudando além do meu trabalho”, complementa a auxiliar de limpeza.
O encontro mais recente entre Cleuza e Márcia aconteceu neste sábado (5). Enquanto se recuperava de uma cirurgia para implantação de duas pontes de safena, Cleuza aguardava ansiosamente pela chegada de Márcia. “Todo barulho que ela ouvia, perguntava se era a ‘Princesa’, como Márcia é conhecida por aqui. Quando ela chegou, pouco tempo depois começou a cantar”, conta Sama Soares, filha de Cleuza.
Técnica de Enfermagem no município de Concórdia do Pará, Sama conta que achou a iniciativa e o todo o cuidado recebido pela mãe dela, desde a chegada ainda na emergência do HC, tem sido importante para o processo de recuperação.
“Eu achei maravilhoso porque ela está segura aqui recebendo um acolhimento físico e psicológico de excelentes profissionais. O canto vem como um acolhimento espiritual e eu considero esse um dos mais importantes porque é 100% dádiva. Quem tem, passa adiante e quem recebe, sente aquele amor verdadeiro”, conta Sama Soares.
O gesto de cantar para o paciente, segundo a psicóloga Patrícia Diniz pode confortar e acalmar em momentos de angústia, mas também mostra o quanto a presença da empatia é um diferencial no ambiente hospitlar.
“Acolhimento e empatia estão ao alcance de todos que participam da vida hospitalar. É certo que profissionais como psicólogos e terapeutas ocupacionais têm técnicas e abordagens específicas, entretanto, a implicação de ambos no cuidado e na humanização pode ser oferecida por todos os trabalhadores, desde que tenham como efeito o bem-estar e a melhor ambiência para os pacientes e também para os acompanhante”, pontua a profissional do HC.