Wanderley Nogueira é um dos grandes repórteres esportivos do rádio brasileiro em todos os tempos. Ele está na Jovem Pan desde o dia 7 de julho de 1977. No ano seguinte, às vésperas da Copa disputada na Argentina, o jornalista fez uma série de entrevistas com grandes personalidades do futebol: Araken Patusca (citado na coluna de ontem), Garrincha, Valdemar de Brito, Pepe, Zagallo e muitos outros. Revirando os arquivos da Jovem Pan, encontrei uma reportagem feita por Wanderley Nogueira com o técnico Flávio Costa, que comandou a seleção brasileira na fatídica Copa de 1950.
A equipe nacional perdeu o jogo decisivo para o Uruguai e a derrota por 2 a 1, em pleno Maracanã, abalou toda a nação. Os torcedores que acompanharam a partida no estádio falavam em “silêncio ensurdecedor”. Antes do desfecho, a seleção tinha vencido a Suécia, por 7 a 1, e a Espanha, por 6 a 1. Infelizmente o clima de “já ganhou” interferiu no desempenho do time.
URUGUAI 2 × 1 BRASIL – Maracanã – 16.07.50
Brasil: Barbosa; Augusto, Juvenal; Bauer, Danilo, Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico.
Uruguai: Máspoli; Matías González, Tejera; Gambetta, Obdulio Varela, Andrade; Ghiggia, Julio Perez, Miguez, Schiaffino e Moran.
Árbitro: George Reader (Inglaterra).
Gols: Friaça (2′), Schiaffino (21′) e Ghiggia (34′) no segundo tempo.
Pagantes: 173 mil (número oficial da Fifa)
Na entrevista, concedida em 1978, Flávio Costa classifica a derrota como “má sorte” e afirma que o resultado “não foi culpa de ninguém”. Jogadores, como o goleiro Barbosa, foram crucificados e carregaram aquele peso por décadas. Para Flávio Costa, o gol decisivo do Uruguai, marcado por Ghiggia, foi “espírita”, pois o atleta pegou mal na bola e enganou a defesa brasileira. “Acontece que o futebol é um jogo e, muitas vezes, produz resultados inesperados (…) Eu aceitei aquilo como o imponderável”, destacou nos microfones da Jovem Pan. Flávio Costa treinava o Vasco da Gama e usou a base do time carioca para a Copa do Mundo.