Foto: Divulgação

Fernanda Montenegro é a nova imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). A atriz, que era a única concorrente à vaga, foi eleita na quinta-feira (4) e recebeu 32 votos. Aos 92 anos, ela será a primeira mulher a assumir a cadeira 17 e sucederá o diplomata Affonso Arinos de Melo Franco (1930-2020).

Os ocupantes anteriores foram o escritor Sílvio Romero, o poeta Osório Duque-Estrada, o antropólogo Roquette-Pinto, o crítico literário Álvaro Lins e o filólogo Antonio Houaiss. A atriz é apenas a nona mulher eleita para a instituição em 124 anos.

“Fernanda Montenegro é um dos grandes ícones da cultura brasileira. Intelectual engajada e sensível leitora do real”, disse Marco Lucchesi, presidente da ABL. “Sua presença enriquece os laços profundos da Academia com as artes cênicas.”

Desde o século 19 a Academia Brasileira de Letras não tinha tantas vagas abertas para novos integrantes quanto agora. Nos últimos dois anos, cinco acadêmicos morreram: o professor e filósofo Tarcísio Padilha, o diplomata Affonso Arinos de Mello Franco, o jornalista Murilo Melo Filho, o crítico literário Alfredo Bosi e o advogado e ex-vice Presidente da República Marco Maciel.

Fernanda Montenegro tem uma sólida carreira no teatro e na TV. Foi a primeira atriz contratada pela TV Tupi, em 1951. Na Globo, atuou em mais de 30 obras e ganhou o Emmy internacional de melhor atriz pelo seriado “Doce de Mãe”, em 2012. Ela também é a única brasileira indicada a um Oscar de melhor atriz, pelo seu papel no filme Central do Brasil, de Walter Salles.

Fernanda tem apenas uma obra publicada, o livro de memórias Prólogo, ato, epílogo, que saiu pela Companhia das Letras em 2019. No entanto, um dos requisitos para entrar na ABL é o da relevância cultural, independentemente do número — e gênero — de obras publicadas.

Para as outras quatro cadeiras vagas na ABL, há um lista extensa de candidatos, que conta, entre outros nomes, com o poeta Salgado Maranhão, o economista Eduardo Giannetti, o professor e político Gabriel Chalita, o romancista Godofredo de Oliveira Neto e o autor de literatura infantil Daniel Munduruku.

Mas figuras menos identificadas com a literatura também concorrem, como o médico Paulo Niemeyer Filho e o advogado Sergio Bermudes.