1 Timóteo 5:8
Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua
própria família, negou a fé e é pior que um descrente.
INTRODUÇÃO – Em meio a chavões e clichês que exaltam a família e a
sua devida proteção, manutenção e importância, não vemos nada de
concreto sendo feito para que esta importante instituição seja mantida
e preservada.
Claro que existem vozes isoladas que clamam, pregam, mas como já disse,
são vozes isoladas, uma vez que a igreja de hoje acha que a solução
dos problemas do mundo está no dinheiro e nos bens materiais.
Dizer que a família é alvo da graça divina, além de ser mentiroso é
muito simplório. A família, em si, é a manifestação da graça de
Deus. E, tendo em vista o tamanho da importância da família, é que
insistimos em não enxergar e até mesmo desprezar.
Se olharmos para os atuais ataques a família, e não são poucos e nem
pequenos, chegaremos à conclusão de que ela é alvo preferencial do
inimigo.
A maior prova que a igreja não está dando a devida importância a
família é a aceitação do divórcio e o crescente do número de
pastores divorciados. Claro que aqui não vai nenhum tipo de julgamento
a estes que estão se divorciando. Porém, não podemos aceitar somente
parte das escrituras que nos é conveniente e desprezar a outra. Não
podemos admitir que a morte salvadora de Jesus tenha o poder de nos
salvar da perdição do inferno e ao mesmo tempo é incapaz de salvar o
nosso casamento.
Mas o dado mais preocupante está relacionado ao crescimento da igreja,
que na década de 1990 crescia a uma percentagem de 30% ao ano, segundo
pastores empolgados, que declaravam que o Brasil é do Senhor Jesus,
como se o Senhor Jesus não fosse dono de tudo e que tivesse acabado de
adquirir o Brasil.
Este crescimento se manteve na primeira década dos anos 2000 e nós,
curiosamente, segundo o IBGE, continuamos sendo 30% da população
brasileira. É no mínimo esquisito, já que não houve, na mesma
década, a mesma percentagem de aumento da população do Brasil.
Quando li essa estatística me lembrei de um episódio da minha
infância e fiquei com a mesma tristeza no coração e com a mesma
decepção.
Quando criança papai me levou para pescar com tio Ari, um tio muito
querido. A pesca era de arrastão (um tipo de rede em que duas pessoas
vão arrastando, segurando em dois mastros frontais), já que os rios do
interior fluminense são muito rasos. Papai segurava um mastro e o tio
Ari segurava o outro. Eu vinha logo atrás segurando um saco de lona
para colocar os peixes.
Passadas horas de arrastão, meu pai e tio Ari já muito cansados, me
pediram para que erguesse o saco para ter uma ideia da quantidade de
peixes já pescados. Quando ergui o saco descobrimos que o saco estava
furado e não restara um só peixinho. Meu pai se calou, enquanto o tio
Ari enrolava a rede. Retornamos para a nossa casa sem que disséssemos
uma só palavra. Foi frustrante. Foi dolorido. Foi horrível.
É mais ou menos isso que está acontecendo hoje com a igreja. Os pais
têm permanecido mas os filhos têm se desviado, contribuindo para a
tenebrosa e vergonhosa estimativa de que tem o mesmo número de
desigrejado, ao compararmos com o número de fiéis das igrejas de hoje.
Por que tamanho número de evasão da igreja? Não estamos cuidando da
família.
O Apóstolo Paulo, ao aconselhar Timóteo é taxativo: Se alguém não
cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família,
negou a fé e é pior que um descrente. (1 Timóteo 5:8)
Vejamos com carinho esta sentença do Apóstolo Paulo.
PRIMEIRA PARTE – Se alguém não cuida – O verbo chave para toda a
sentença do versículo é o verbo CUIDAR. Será que estamos dando a
devida importância a este verbo? Será que estamos verdadeiramente
cuidando?
Eu não entendo alguns pais que dizem respeitar a liberdade dos filhos.
Quando é para ir para a escola, eles obrigam a criança, sob a
alegação de que aquele é o futuro que está em jogo. Quando é para
ir para a igreja, eu respeito a liberdade dele; se ele não quer ir…
A igreja inventou uma bela desculpa para o não cuidado que é: “A
salvação é individual”, esquecendo de que em alguns momentos a
salvação foi tratada no coletivo, como no caso de Zaqueu, em Lucas 19,
Jesus declara: “Hoje mesmo a salvação chegou a esta casa” e
depois, Paulo e Silas também declararam para o carcereiro: “Crê no
Senhor Jesus e será salvo tú e a tua casa”.
Nestas duas passagens mostram que Jesus é a salvação para as nossas
famílias; Jesus é a salvação para a nossa casa.
SEGUNDA PARTE – Cuidar – Segundo o dicionário, cuidar significa:
.t. Ter cuidado, tratar de, assistir; cuidar das crianças; cogitar,
imaginar, pensar, meditar: cuidar casos graves; julgar, supor; cuidar de
ser uma pessoa importante.
Mas quero ficar apenas com três destes sinônimos: Ter cuidado, tratar
de, assistir. Aqui entra expressamente a obrigação dos maridos e dos
pais.
– Ter cuidado é estar vigilante para que nenhum mal possa acontecer em
sua casa. Isso passa pela atenção com a programação da televisão,
os videogames, as redes sociais, os coleguinhas, a escola.
O médico Roger Abdelmassih, abusou sexualmente de mais de quarenta
pacientes. Será que elas seriam atacadas se os respectivos maridos
estivessem junto com elas?
– Assistir é estar atento aos comportamentos, às atitudes dos filhos.
É impossível que um pai não perceba que um filho esteja usando
drogas, que a esposa esteja infeliz, que os filhos estejam com
comportamentos estranhos.
– Tratar é curar qualquer anormalidade comportamental que seja
detectada. Tratar é dar carinho, atenção, diálogo.
TERCEIRA PARTE – O cuidado integral. Somos uma trilogia complexa e
cada uma delas pode afetar o todo. Então o cuidado precisa ser
integral.
– Espírito – O Apóstolo Paulo, em Gálatas, nos exorta a vivermos no
Espírito, dizendo: “Andai no Espírito, e jamais satisfareis a
concupiscência da carne…“
“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl
5.16,25). Muitas pessoas confundem a igreja como sendo o único lugar de
culto, onde a presença de Deus é explicitada, sentida e vivida. Com
isso, elas passam a ter uma vida dupla. Na igreja, cheios do Espírito.
Em casa, cheios de ódio, rancor, de carnalidade, brutalidade.
Paulo sugere que tomemos uma posição definitiva. Se vivermos no
Espírito, andemos, sejamos, permaneçamos no Espírito.
– Alma – É na alma que se instalam os maiores problemas do ser
humano. Os complexos, as manias, as frustrações, as decepções, os
traumas e os pessimismos.
Tudo isso é gerado, cultivado e engrandecido dentro de casa. Os filhos
de pais com feridas de alma têm tendência de serem mais doentes de
alma do que os próprios pais.
– Corpo – Precisamos ter o igual cuidado com o corpo, sabendo-se que
ele é ou deveria ser o templo do Espírito Santo.
CONCLUSÃO: – 2 Coríntios 12:9-10 – A minha graça te basta, porque o
meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei
nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades,
nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando
estou fraco então sou forte.
Precisamos aprender e pôr em prática o que a Bíblia, a palavra de
Deus nos ensina.