O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri virou réu por supostamente ter espionado famílias dos 44 marinheiros mortos do submarino militar ARA San Juan em 2017, quando ocupava a presidência.
A decisão foi divulgada na quarta-feira (1º) pelo juiz Martín Bava, que a defesa do ex-líder argentino quer que seja afastado do caso, por considerar que ele age com motivações políticas.
Em sua sentença, segundo a agência de notícias Telam, Bava argumentou que, após análise das provas e interrogatório, Macri “aparentemente” é “criminalmente responsável pelo crime de ter ordenado ações de inteligência proibidas” contra familiares das vítimas do acidente.
Com isso, Macri não poderá deixar a Argentina, medida que será aplicada quando ele retornar do Chile, onde se encontra atualmente, e sofrerá um embargo sobre seus bens de 100 milhões de pesos (cerca de 875 mil euros).
De acordo com a investigação, a suposta espionagem teria acontecido entre 2017 e 2018, com o objetivo de obter dados e informações pessoais das famílias e parentes dos 44 tripulantes do ARA “San Juan”, o submarino da Marinha argentina que desapareceu em novembro de 2017 e foi encontrado afundado um ano depois.
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“As ações procuraram influenciar a situação política e institucional do país, especificamente no que diz respeito às reivindicações feitas pelos mesmos para o afundamento do submarino e a consequente morte de seus familiares, bem como visavam conhecer suas atividades, os locais onde se encontravam, seus dados pessoais e os do seu ambiente”, diz a acusação.
Segundo Bava, as tarefas de inteligência não tiveram autorização judicial ou foram justificadas pela segurança interna ou defesa nacional.
“Essas ações foram realizadas com o único objetivo de influenciar a opinião pública e o desenvolvimento normal das atividades da agenda política daquele ano que, segundo os critérios pré-estabelecidos, poderiam afetar a administração do então governo que o acusado encabeçou”, completou o juiz.
O ex-presidente da Argentina, por sua vez, negou as acusações e chegou a apresentar uma declaração escrita quando foi convocado para testemunhar, no último dia 3 de novembro. “É uma perseguição política”, disse Macri sobre o processo, durante visita ao Chile.
Nos últimos dois anos, durante a primeira gestão do presidente Alberto Fernández, o judiciário argentino abriu várias investigações contra Macri. No entanto, nenhuma havia terminado com uma acusação até agora.