Cid foi interrogado pela segunda vez no inquérito. Ele já depôs por cerca de três horas no início do mês passado, quando confirmou que recebeu um pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar reaver as joias retidas pela Receita Federal.
Bolsonaro também já deu a versão dele. O ex-presidente alegou que acionou os auxiliares para evitar um suposto “vexame diplomático” e que só ficou sabendo da existência das joias em 2022 — um ano após a apreensão no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
O conjunto de colar, anel, par de brincos e relógio de ouro branco e diamantes da marca suíça Chopard, avaliado em R$ 16,5 milhões, foi um presente do governo da Arábia Saudita. Outros dois kits, com relógio, caneta, terço islâmico e abotoaduras, também vieram a público.
Uma comitiva do Ministério de Minas e Energia tentou entrar com as joias no Brasil sem declará-las. A suspeita é que elas seriam destinadas a Bolsonaro, burlando-se a lei que obriga a restituição dos presentes ao acervo da União. A investigação é conduzida pelo delegado Adalto Machado.
Mauro Cid seria ouvido na semana passada em outro inquérito, sobre um esquema de fraudes em certificados de vacina da Covid-19. Ele se apresentou na sede da PF, em Brasília, mas decidiu ficar em silêncio e não respondeu aos questionamentos dos investigadores.
Já Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa dele, depôs e atribuiu as fraudes em cartões de vacina a Cid, dando sinais de que ele pode assumir a culpa pelos crimes investigados na Operação Venire, que também mira Bolsonaro.