A estudante de enfermagem Stefani Firmo, de 24 anos, que teve o rosto cortado dentro de um ônibus da Expresso Guanabara, durante uma viagem do Recife (PE) com destino a Salvador (BA), revelou que apesar de ter sobrevivido, ela ainda vive o pesadelo de se olhar no espelho e ver a cicatriz que carregará para sempre.
“Eu sempre fui uma mulher vaidosa. Gosto de me arrumar, de fazer uma maquiagem simples e de me olhar no espelho. Curto fotos. Sei que eu nasci de novo porque, felizmente, não aconteceu o pior. Mas o que experimentei vou carregar para sempre. O meu sorriso não é mais o mesmo. Por causa do ferimento, que é muito extenso, sinto minha bochecha repuxando. Meu sorriso mudou. Isso dói em muitos sentidos. Tento ressignificar o que aconteceu, mas toda vez que eu olhar a minha imagem vou ver a sombra dessa mulher caminhando comigo”, disse ao jornal O Globo.
Segundo Stefani, o incômodo é inegável. “Nunca gostei ou quis chamar atenção. Sempre fui discreta, costumo entrar nos lugares calada, sem fazer alvoroço. Eu só queria que tudo voltasse a ser como antes. Quero viver, aproveitar a minha família e continuar batalhando pelo meu futuro. O que aconteceu não vai me paralisa”.
Ainda de acordo com a jovem, na cidade onde mora, Itabuna (BA), as pessoas passaram a identifica-la como “a menina que teve o rosto cortado”. “A cicatriz não toma só os meus dias com cuidados médicos e tratamentos para amenizar suas marcas. Mesmo disfarçando bem, com filtro solar, algumas pessoas me reconhecem e não escapo de ser assunto por onde eu passo. Sei que as pessoas estão preocupadas comigo”.
De acordo com Stefani, não houve discussão e a única pessoa com a qual ela teria tido interação no ônibus seria uma amiga, que também dormia no momento do ocorrido. A vítima recebeu os primeiros socorros no ônibus. Depois, ela e os passageiros foram encaminhados à delegacia de Conde, na Bahia.
A Polícia Civil informou que a Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur) de Conde instaurou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) para apurar o caso, que foi caracterizado como “lesão leve” pelo médico que atendeu a vítima. A suspeita segue em liberdade.
“Aí eu penso: como é possível essa mulher estar solta? Não me conformo. Não sei quem ela é, mas já vi do que é capaz. Vou até o fim por justiça. Ela precisa parar, não pode fazer mais vítimas. Eu não sei qual seria minha reação, mas queria encontrar com ela e questionar: por que comigo? Por que me escolheu? Alguns passageiros pegaram o meu contato e me enviaram fotos da mesma mulher rodando pela rodoviária, dias após o que aconteceu. É injusto que eu esteja vivendo dessa forma e ela esteja livre e tranquila”, lamentou a vítima.
Fonte: bnews