O avanço da Rússia sobre o território da Ucrânia, que começou na madrugada desta quinta-feira em um ataque com mísseis, pode escalar para ocupações em outras regiões que também estão sob tensão. A avaliação é de Márcio Coimbra, presidente da Fundação da Liberdade Econômica e coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Prespiteriana Mackenzie Brasília.
Para o especialista, a situação atual “inspira cuidados”, mas não deve – pelo menos por enquanto – virar uma guerra armada.
“Acredito que a Europa não vá reagir militarmente, tampouco a Otan e os Estados Unidos , e a Ucrânia deve sim cair na zona de influência da Rússia . Isso vai gerar uma guerra? Se ficar neste ponto, não. Mas o fato de nenhuma nação reagir para defender a Ucrânia militarmente nos mostra que a China pode estar esfregando as suas mãos olhando para Taiwan. A China já tem planos de ocupar Taiwan há bastante tempo, e os EUA defenderam durante esses anos”, afirma.
“A complacência do mundo com a atitude de Putin em relação a Ucrânia pode levar a China a escalar o conflito e ocupar Taiwan. Hoje, Pequim e Moscou são aliados – tem seus interesses, claro, mas se defendem na medida do possível. A ocupação da Ucrânia pode ampliar a justificativa da China. E se isso realmente acontecer, podemos começar a ter uma escalada global desses conflitos de ocupações. Como Putin ocupou a Crimeia em 2014 e não houve resistência da Europa, ele agora resolveu dobrar a aposta”, avalia.
Coimbra diz esperar que os Estados Unidos e União Europeia defendam a Ucrânia para “impor limites” ao presidente Russo. “Se não, viveremos a mesma política do apaziguamento que se viu no início da Segunda Guerra Mundial, os acordos de Munique, cedendo parte da Tchecoslováquia para a Alemanha, para assim evitar a guerra”.
Ele lembra também que se algum ataque russo resvalar em um dos territórios da Otan, “isso pode servir de justificativa para que ela entre em ação”.