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A evasão escolar é uma calamidade silenciosa comumente caracterizada quando o aluno deixa de frequentar a escola, esse problema afeta muitos estudantes, principalmente, no período do ensino médio. Segundo um levantamento realizado em 2017 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a maior taxa de evasão escolar se concentra especialmente no primeiro ano do ensino médio. Essas altas taxas de desistência dos jovens da educação básica é um dos problemas de evasão escolar que tem um impacto negativo para o futuro de crianças e adolescentes.

Dados colecionados entre 2019 e 2020 no GEOportal Amazonas em Mapas, do governo do estado, mostraram que 21 municípios do Amazonas, incluindo a capital do estado, apresentaram um índice superior a 10% de evasão escolar e o município de Novo Airão seguindo por Barreirinha lideraram o ranking com percentual acima de 13,3%, já a capital apresentou evasão de 10,1%.                                   

De acordo com uma medida publicada em edição extra do Diário Oficial da União, nesta última terça-feira (28), o Governo Federal criou o programa de “Bolsa Poupança” para estudantes matriculados no ensino médio. Esse projeto é destinado a estudantes de baixa renda que estão frequentemente matriculados no ensino médio das redes públicas, e que pertencem às famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Terão prioridade aqueles que tenham renda per capita mensal igual ou inferior a R$218 e para terem acesso a esse benefício os alunos que se encaixam nesse requisito precisam ter frequência mínima na escola, e participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A Psicanalista e Hipnoterapeuta Josiane Monteiro, concedeu uma entrevista ao portal e  detalhou sobre as principais causas de evasão escolar na capital do Amazonas, dentre as muitas causas, ela destaca a falta de transporte público adequado, a questão socioeconômica, o bullying e a falta de qualificação dos profissionais de educação.

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“Muitos motivos justificam a evasão ou até mesmo o abandono nos âmbitos escolares da nossa capital, dentre eles podemos destacar a falta de transporte público adequado que levem de forma segura e confortável e rotineira, como por exemplo, nas áreas mais rurais esses jovens encontram essa grande dificuldade que é não ter o direito de transporte até a escola, então acabam se desmotivando e desistindo. A questão socioeconômica, onde os pais que precisam de ajuda dentro de casa e da participação ativa do jovem pagando contas, ajudando a pagar aluguel, cuidando dos irmãos mais novos. Podemos destacar também no âmbito da saúde mental, o bullying que hoje afeta muitos jovens que acabam se desestimulando com a baixa autoestima, não tem autopercepção e eles acabam se prejudicando bastante porque se sentem inferiorizados e inseguros. E a falta de qualificação profissional, de professores e diretores, dos pedagogos que não tem uma didática estimulante, adequada e interessante para ajudá-los esses jovens a se interessarem pelos estudos, educação e matérias em geral”, explicou Josiane.   

Ainda segundo Josiane Monteiro a falta de saúde mental, de auto estima e auto conhecimento pode ser um dos fatores que contribua para a evasão e até mesmo abandono escolar dos estudantes e ressalta que o bullying, as fakes news fazem com que esses alunos se sintam inseguros e muitas das vezes acabam que eles sentem dificuldade de conversar ou pedir ajuda de alguém.

A prática do bullying, tem cada vez mais se intensificado com a internet e o acesso a aparelhos eletrônicos, a naturalidade que as fake news, por exemplo, circulam tem feito com que esses jovens se sintam cada vez mais recuados para dentro de si, se sentindo inseguros, isso faz com que eles acabam fugindo da situação ao invés de pedir ajuda ou de enfrentá-las. A falta de profissionais que acolham e que tenham um olhar protetor, também faz com que o âmbito escolar seja inseguro, e muitas das vezes em casa esses jovens não têm espaço para falar sobre suas emoções e pensamentos com seus familiares, seja porque os pais não tem tempo, ou porque existe uma rigidez na educação familiar, ou porque jogam a responsabilidade nas escolas. Então a evasão na escola tem muito a ver com a prática do bullying, que mexe diretamente não só na saúde material, na saúde física, na saúde social, mas também na saúde psicológica desses jovens, que precisam de apoio, precisam de um auxílio seguro para que eles possam se descobrir e fortalecer a autoestima deles e suas habilidades”, destacou Josiane Monteiro. 

No encerramento da entrevista a Psicanalista e Hipnoterapeuta Josiane Monteiro abordou algumas estratégias para combater esse tipo de problema nas escolas da rede de ensino.

“Trabalhar campanhas contra a prática do bullying, trazer os pais para entender o que acontece no âmbito familiar, trazer a comunidade junto. Acredito que o papel da escola é extremamente fundamental para a formação de qualquer futuro profissional. A base é familiar, mas a escola precisa ter um olhar atento, acolhedor, ativo junto com a família, inclusive ao ponto de perceber se o problema não está na família, a falta dessa segurança, de acolhimento, se existe um perigo maior e que esteja refletindo dentro da escola, chamar o conselho tutelar, chamar ajuda para essa criança, esse adolescente. Então, eu acredito que por esse caminho do olhar, de identificar o problema junto com a escola ajudará a salvar muitos jovens de caminhos tortuosos, mais difíceis e problemáticos. É necessário trazerem esse tópico de uma forma saudável, trabalhando sempre essa questão dos valores, do caráter, da saúde psíquica desses estudantes para que eles se sintam seguros para estudar tranquilamente e ter o direito a um estudo qualificado”, finalizou Josiane Monteiro. 

Por: Isabel Cristina.