Nas salas de convivência do Cras Caponga, Mateus Alves, 11, brinca e conversa com tanta naturalidade que mais parece estar em casa. Entre uma brincadeira e outra, ele olha atento para a mãe, que se emociona ao lembrar da rotina do filho antes do atendimento com as profissionais do equipamento. “O Mateus melhorou muito a comunicação dele depois que começamos a frequentar o Cras. Antes, ele não gostava de sair, brincar na rua com outras crianças. Aqui, com a ajuda da psicóloga e das assistentes sociais, ele aprendeu a interagir sem medos e hoje é o xodó dos amiguinhos do colégio e da turma da nossa rua”, conta Vanessa Alves, 30, mãe do Mateus, que tem paralisia cerebral e frequenta há três anos o Cras Caponga.
Psicóloga do equipamento, Manuelena Evangelista, explica que os atendimentos realizados pelo Cras são muito importantes no desenvolvimento e fortalecimento de vínculos entre as famílias e a comunidade no entorno. “É muito gratificante para gente ver nossos pacientes descobrindo a força que eles têm, a história do Mateus é resultado desse trabalho que desenvolvemos entre as famílias e a comunidade. Eu tenho muito orgulho de ver ele se desenvolvendo e de ver a Vanessa também participando dos nossos grupos e nos dando esse feedback tão positivo sobre o nosso trabalho”, frisa a psicóloga.
Além dos serviços e dos grupos de convivência, o trabalho do Cras é desenvolvido com muitas parcerias, seja com a policlínica da cidade, o núcleo de arte e cultura ou as escolas. “O que a gente percebe é que muitas pessoas nos procuram porque precisam ser ouvidas. Precisam de ajuda e não sabem muitas vezes onde buscar. Então acabamos sendo esse ponto de apoio para a comunidade”, explica a coordenadora do equipamento, Fernanda Batista.
O Cras Caponga foi um dos equipamentos contemplados no Prêmio Referência Social e atende diversos territórios, dentre os quais: Manguinhos, Buritizal, Sítio São José e Águas Belas. “Nós atuamos com 17 grupos diferentes, entre crianças, idosos, mulheres, gestantes. E ainda realizamos oficinas, palestras e rodas de conversas com este público, sempre debatendo diversos assuntos”, destaca a coordenadora.
Fernanda explica que o serviço de convivência tem como objetivo ser desenvolvido a partir de ações preventivas e proativas, no sentido de complementar o trabalho realizado no Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF). “No Cras Caponga, nós atendemos a grupos de diversas idades, o que enriquece muito o nosso trabalho. Ao tempo que atendemos uma mãe ou uma avó, atendemos também seus filhos e netos, realizando um trabalho que integra a família e fortalece os vínculos com a comunidade. Na pandemia nós não paramos de ofertar esses serviços nenhum dia. Adaptamos os atendimentos do presencial para o remoto, sempre na busca de manter os vínculos com as famílias, que atualmente já voltaram ao atendimento presencial”, lembra.
Maria Ivoneide, 52, faz parte do grupo de idosas e sempre traz o neto, Enzo Gabriel, 3, para participar das atividades voltadas para o público infantil. “Eu percebi que ele era muito quietinho e não interagia com outras crianças, daí tive a ideia de trazer ele comigo para as atividades que já fazia parte, só para me acompanhar. Ele acabou sendo inserido no grupo das crianças e hoje ele é quem me pede para vir”, conta Maria Ivoneide, que faz atividades físicas no espaço, além de ser acompanhada pelas assistentes sociais da unidade.
Também contemplado no Prêmio de Referência Social, o Cras Caipú, localizado em Cariús, atua com nove grupos de diferentes idades e oferta seus serviços para 234 cearenses, um número que supera a meta de atendimento do equipamento. Francisco Roseno Pereira, coordenador da unidade, ressalta a importância dos serviços de convivência para o público atendido na unidade.
“Aqui nós contemplamos todas as faixas etárias e isso foi um processo que implementamos aos poucos, à medida que percebemos a importância de contemplar as famílias como um todo. Hoje ofertamos oficinas de violão, canto, esporte, realizamos visitas culturais, além de atuar com a busca ativa, que é crucial para trazer para mais perto da política da assistência social às famílias que vivem em circunstâncias de privação socioeconômica”, pontua Francisco Roseno.
Com a busca ativa os profissionais que atendem nos Cras podem localizar e incluir no Cadastro Único as famílias que vivem em localidades mais distantes. A busca ativa, além de ajudar a manter o CadÚnico atualizado, funciona como um guia para que as políticas de assistência social possam entender e tentar suprir as necessidades básicas da população.
Sobre o prêmio
O Prêmio Referência Social foi instituído pelo Governo do Ceará para incentivar o aprimoramento da oferta dos serviços, programas e benefícios de Proteção Social Básica. Entre os objetivos estão o fortalecimento dos sistemas de informação da política de assistência social; o estímulo ao trabalho social com as famílias; o fomento do acompanhamento das famílias contempladas com o Cartão Mais Infância; e a promoção da equidade de gênero e o enfrentamento à violência doméstica e familiar.