O ex-senador e ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung expressou preocupação com o que ele chama de “vazio na formação de novas lideranças” no Brasil desde o processo de democratização. Em entrevista ao WW da CNN Brasil, Hartung comentou o incidente envolvendo José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) durante debate na TV Cultura, no domingo (15), usando-o como ponto de partida para uma reflexão mais ampla sobre o cenário político nacional.
Hartung argumentou que o episódio não é um fato isolado, mas sim um sintoma de um problema mais profundo na política brasileira. “Se a gente olhar, fizer um corte aqui histórico, quando eu tomei posse na Câmara dos Deputados e fui tomar posse na Comissão de Finanças da Câmara, eu tomei posse junto com Roberto Campos avô, com Delfim Netto, com Dornelles, com César Maia, com José Serra e com Mercadante”, relembrou o ex-governador, destacando a qualidade das lideranças políticas de sua época.
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A falha dos partidos políticos
O político capixaba apontou que, desde o processo de democratização, houve uma falha significativa por parte dos partidos políticos em recrutar e formar novas lideranças. “Ficou o vazio de formação de lideranças. E eu acho que a gente está pagando um preço por isso”, afirmou.
Ele ressaltou que, embora existam fenômenos globais que impactam a política, como a conectividade e seus efeitos no debate eleitoral, há uma questão fundamental que precisa ser abordada: “Os partidos falharam no trabalho de recrutar meninos, meninas, jovens e de formar, treinar por debate político, treinar na formação de liderança para o setor público brasileiro”.
Hartung enfatizou a necessidade urgente de escolas de formação de quadros políticos no país. Segundo ele, os movimentos sociais têm cumprido essa missão de formação, enquanto os partidos políticos têm deixado a desejar nesse aspecto. “Os partidos políticos não cumpriram [essa missão]”, afirmou o ex-governador.
Formação de lideranças e renovação política
Como exemplo positivo, Hartung citou o Renova BR, uma iniciativa que já formou cerca de 3.500 jovens para participação na vida pública. O programa, financiado por doações privadas, oferece treinamento em liderança para o setor público, preparando candidatos para diversos cargos, desde vereadores até secretários de estado.
O ex-governador também destacou pontos positivos no cenário político atual, como a qualidade dos governadores e prefeitos de grandes cidades brasileiras. “Quando você olha a qualidade dos governadores atuais, […] você tem um bom time de governadores. Quando você olha a qualidade de prefeitos de grandes cidades no Brasil, você se surpreende”, observou.
Paulo Hartung concluiu sua análise enfatizando que o Brasil está vivendo as consequências dessa lacuna na formação de lideranças políticas. Sua crítica aponta para a necessidade de uma reflexão profunda sobre como revitalizar o processo de preparação de futuros líderes para enfrentar os desafios do setor público brasileiro.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Episódio da “cadeirada” mostra que Brasil tem vazio em formação de novas lideranças, diz Hartung no site CNN Brasil.