SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, que dirigia o Porsche que bateu na traseira de um Sandero e causou a morte do motorista Ornaldo da Silva Viana, 52, em São Paulo, disse em depoimento que não havia ingerido bebida alcoólica nem usado drogas antes do acidente na madrugada de domingo (1º).

O conteúdo do depoimento foi revelado pelo jornal SP 1, da TV Globo.

Fernando afirmou que foi a um clube de poker na rua Marechal Barbacena, no Tatuapé (zona leste), por volta das 23h, e ficou no local até as 2h. Ele admitiu que estava acima do limite de velocidade, que é de 50 km/h no trecho do acidente, na avenida Salim Farah Maluf, mas disse que não saberia dizer a qual velocidade trafegava no momento da colisão, ainda de acordo com o depoimento.

Os filhos do motorista Ornaldo disseram ter “sentimento de impunidade e injustiça”. Em entrevista ao programa Encontro, da TV Globo, nesta terça (2), eles criticaram a condução do caso e o fato de o empresário ter deixado o local do acidente com autorização da polícia.

“A forma como ele se evadiu do local com a presença da polícia é [algo] muito complicado. É um sentimento de impunidade, de injustiça. Como acontece um acidente desse tamanho e simplesmente o cara sai do local, com a presença da polícia?”, questionou Lucas Morais, um dos filhos.

Ele pediu justiça e disse esperar “que ninguém fique acima da lei”.

“Sobrou nada do carro. A quanto por hora esse cara estava? Espero que ele pague pelo que ele fez, que fique preso, que a justiça seja feita. Ninguém está acima da lei, independente da classe social, que ninguém fique acima da lei”, concluiu.

Luan Morais, outro filho de motorista, exaltou as características de Ornaldo.

“Meu pai era um cara que sempre estava lá ajudando a comunidade, a igreja, os programas sociais da igreja. Ele foi um ótimo pai. A gente está também com a nossa irmãzinha de 13 anos. Ela ficou muito abalada com o que aconteceu. É muito difícil. Ela vai crescer sem pai agora.”

De acordo com informações do boletim de ocorrência, o Porsche dirigido pelo empresário Fernando Sastre de Andrade Filho bateu na traseira do Sandero conduzido por Ornaldo da Silva Viana. Ele foi levado por bombeiros ao Hospital Municipal do Tatuapé, mas não resistiu aos múltiplos traumatismos e morreu. Imagens do acidente mostram o forte impacto da batida.

Em nota, os advogados de Fernando negam que seu cliente tenha fugido do local do acidente. De acordo com a defesa, quando o empresário deixou o local, acompanhado da mãe, as vítimas já estavam sendo socorridas —um passageiro do Porsche, de 22 anos, ficou ferido no acidente.

O empresário foi liberado pela Polícia Militar para ser levado ao Hospital São Luiz Ibirapuera, devido a um ferimento na boca, mas não foi encontrado no local por policiais que o procuraram na unidade para ouvi-lo e fazer o teste do bafômetro. A informação recebida pela PM foi que Fernando não havia dado entrada em nenhum hospital da rede São Luiz. Além disso, ele e a mãe não atenderam as ligações dos policiais.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou, em nota, que a PM apura a dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro de procedimento.

Os advogados afirmam que havia receio de linchamento, pois “naquele momento ele passou a sofrer linchamento virtual” e por isso houve a decisão de “resguardo”. A nota da defesa diz ainda que Fernando estava em choque com o acidente e a morte do motorista do outro veículo.

“Todas as circunstâncias do acidente serão devidamente apuradas no curso da investigação, com a mais ampla colaboração de Fernando”, acrescenta a defesa.