A equipe de campanha de Jair Bolsonaro (PL) apostava que os eventos de 7 de Setembro – principal agenda política antes da eleição – tinham tudo para ser um sucesso político. Mas, ao puxar o coro de “imbrochável” – e voltar a usar o termo durante a viagem a Nova York, na terça-feira (20) – o presidente pode ter se empurrado também para um caminho sem volta de rejeição entre as mulheres.
“Além de imbrochável, eu sou outras coisas também”, disse o presidente a apoiadores numa churrascaria após fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Pesquisas qualitativas feitas pelo QG da reeleição já haviam identificado a postura machista do presidente em 7 de Setembro como um dos motivos para a rejeição das eleitoras a Bolsonaro não baixar. Estudos feitos pelo cientista político analista Felipe Nunes, da Quaest, vão na mesma linha. Nunes afirma que Bolsonaro se “destruiu” ao puxar o coro de “imbrochável” em 7 de Setembro, e que a campanha parece não compreender que “não se trata dele, mas delas.”
Nos grupos de mulheres ouvidos pela Quaest, o tema “imbrochável” domina.
Nas pesquisas de grupos, Nunes dá exemplo de como a fala de Bolsonaro incomodou mulheres. Ele relata que uma senhora chegou a dizer que se seu marido falasse “uma coisa dessas na minha frente, eu acabava com ele em casa”.
“Ou seja, é ruim para o homem e para mulher – é sutil e ele [Bolsonaro] parece não entender isso”.
As pesquisas qualitativas feitas pela campanha de Lula também já haviam identificado essa reação ao comportamento de Bolsonaro. A equipe do petista acredita ser difícil para o presidente desfazer o estrago no eleitorado feminino.
Com informações do G1*