Depois de registrar o maior superávit da história em 2021, a balança comercial de janeiro fechou em um déficit de US$ 176 milhões. O resultado negativo é o menor para o mês desde 2018, quando o registro foi de um superávit de R$ 1,6 bilhão. O número foi divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Economia.
O déficit foi resultado de exportações na ordem de US$ 19,67 bilhões, a maior para o mês na série histórica iniciada em 1997. Já as importações fecharam o mês em US$ 19,85 bilhões, maior nível para o mês desde 2014.
Segundo Herlon Brandão, subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, o grande destaque nas vendas do país no mês foi a soja em grãos e, em seguida, o milho.
“Tivemos embarque de 2,5 milhões de toneladas, distante ainda do pico de escoamento de soja que chegou já a 15 milhões,16 milhões de toneladas em um mês, mas um crescimento significativo em relação ao embarque do ano passado que teve uma safra mais tardia. Esse ano já começamos com embarque mais robusto de soja”, apontou.
Um resultado negativo em janeiro não é novidade. Nos últimos três anos, o primeiro mês sempre foi de déficit seguido de todos os outros meses com resultados superavitários.
De acordo com o subsecretário, não dá pra dizer que o déficit é um comportamento recorrente, mas o primeiro mês do ano costuma ter médias diárias da balança em níveis menores.
“Temos um mês sazonalmente com comércio menor, mas apresentando recordes em relação a outros meses de janeiro. Apesar de termos uma exportação bastante aquecida, tempos também uma importação em crescimento”, disse.
Maior corrente de comércio
O resultado do mês passado é um pouco inferior ao registrado em janeiro de 2021, quando o déficit foi de 220 milhões, com exportações de R$ 14,9 bilhões e importações de R$ 15,2 bilhões.
A diferença ficou na corrente de comércio, que é a soma de todas as transações de produtos que saíram e chegaram ao Brasil. Em janeiro de 2022, ficou em US$ 39,5 bilhões e no ano passado em US$ 30,1 bilhões. Foi um salto de 25%.
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As exportações subiram para todos os destinos. Para a Ásia, o principal mercado para produtos brasileiros, o crescimento foi de 8,5%. Para a América do Norte, a alta foi de 40%, enquanto para a Europa foi de 42,1%.
Já no caso das importações, as compras de países da América do Norte cresceram 43,2% e da Ásia, 20,9%, comparando com janeiro de 2021. As compras do Oriente Médio, que são pouco representativas no total da balança, tiveram uma alta relevante de 241,9%.
Agropecuária em alta
Na comparação entre setores, o que mais expandiu de janeiro de 2021 para o mês passado foi a agropecuária. A exportação quase dobrou de US$ 1,6 bilhão para US$ 3,3 bilhão, uma alta de 97,5% considerando a média diária.
Já a indústria de transformação subiu 36,1%, impulsionada pela celulose, carne bovina e automóveis. Por sua vez, a extrativa teve queda de 18,6%, principalmente por conta da queda do valor e quantidade exportada de minério de ferro.
Segundo Brandão, a indústria extrativa sofreu impactos das chuvas em Minas Gerais.
“Todos acompanharam os excesso de chuvas principalmente no estado de Minas Gerais, isso afeta sim o escoamento do minério de ferro”, disse.
Do lado das importações, a indústria extrativa foi a que mais cresceu, alta de 325,8% entre janeiro de 2022 e de 2021. Segundo Brandão, mais importação de petróleo, gás natural e carvão levaram e essa alta, produtos usados para produção de energia.
“Observamos esse fenômeno de aumento de importação de commodities energéticas desde o segundo semestre do ano passado e vimos uma continuidade no mês de janeiro, com aumento principalmente dos preços”, afirmou.