Perto de deixar o poder após 16 anos como chanceler da Alemanha, Angela Merkel se reuniu nesta quinta-feira (7) com o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, e declarou seu amor pelo país.
Em tom de despedida, a reunião foi marcada pelo clima amistoso e pelas trocas de elogios entre Merkel e Draghi, que conviveram de forma próxima durante os oito anos (2011-2019) em que o italiano foi presidente do Banco Central Europeu (BCE), no período mais difícil da crise do euro.
Na época, Draghi tranquilizou mercados ao prometer que faria o que fosse preciso para preservar a moeda europeia e conseguiu conter a crise com um bilionário programa de compra de ativos nos Estados-membros, apesar da forte oposição da Alemanha.
“Talvez esse seja nosso último encontro bilateral, e me sinto muito feliz em estar aqui. Em poucos meses [Draghi é premiê desde fevereiro], criamos uma colaboração muito estreita. Também cooperamos quando ele estava no Banco Central, e Draghi foi um protetor do euro”, admitiu Merkel em coletiva de imprensa no Palácio Chigi, sede do governo italiano, em Roma.
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Em seguida, a chanceler se declarou à Itália, país onde sempre passa férias, seja nas montanhas do extremo-norte, seja nas ensolaradas ilhas do sul. “Meu amor pela Itália vai continuar. Vou ficar um tempo em Roma, voltarei à Itália em outras vestes”, disse.
Draghi, por sua vez, devolveu os elogios e agradeceu a Merkel por seu “papel determinante ao desenhar o futuro da Europa nos últimos anos”. “A chanceler foi uma campeã do multilateralismo quando outros países se colocaram com o protecionismo. Foi um exemplo para tantas garotas e mulheres interessadas na política”, declarou.
Além disso, destacou que Merkel sempre “apoiou com grande convicção a independência do Banco Central Europeu”, mesmo quando a instituição era “atacada por causa das políticas expansivas necessárias para proteger a integridade da moeda única”.
“Sou pessoalmente grato pelas conversas daqueles anos difíceis”, acrescentou o premiê. Chanceler desde 2005, Merkel aguarda apenas a conclusão das negociações entre sociais-democratas, verdes e liberais para deixar o poder definitivamente.